A bomba-relógio

A bomba-relógio

Prof. Martinho Condini

Na madrugada de 18 para 19 do corrente mês de setembro de 1970, entre 3h e 3h30 da manhã (eu me achava em plena vigília) telefonou-me voz de homem. Dizia que tinha participado de um grupo que colocara uma bomba-relógio em nossa casa. A bomba deveria explodir dentro de meia hora. Cheio de remorsos, ele me pediu por tudo que eu saísse imediatamente de casa.

Comentei que era um privilégio ter meia hora de aviso antes da morte e que por nada iria perder essa chance. Já estava em oração e em oração me encontraria com a Irmã Morte!

Do outro lado do fio, ouvi o comentário: “É doido mesmo! ”. E uma risadinha. Eu tinha tanta certeza de que se tratava de guerra de nervos, que nem me passou pela cabeça sair de casa ou avisar alguém. Nem preciso dizer que nada aconteceu.

(Carta Circular 20-21/9/1970, V,II, p. 125)

Hoornaert, Eduardo. Helder Camara: quando a vida se faz Dom. São Paulo: Paulus, 2021. p. 176.

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