Causos do Dom: Dom Helder e o Conclave de 1958: Eleito João XXIII

Causos do Dom: Dom Helder e o conclave de 1958: eleito João XXIII

por Pe. Ivanir Antonio Rampon

Tendo em vista o Conclave de 2025, contaremos como Dom Helder percebeu o Conclave de 1958. Como a imprensa fizera muita divulgação da agonia de Pio XII, não foi surpresa o anúncio de sua morte na metade de outubro de 1958. Durante nove dias, dois milhões de fiéis em luto foram à Basílica de São Pedro. No Brasil, o Presidente Juscelino Kubitschek encomendou uma Missa pelo sufrágio do Papa, presidida pelo Cardeal Jaime Câmara e assistida por Dom Helder. Estavam presentes muitos membros do Governo, deputados, juízes, diplomatas e chefes das Forças Armadas.

Dom Helder esperava que o novo Papa fosse um jovem, que soubesse usar os meios modernos de comunicação como as redes de televisão para chegar às grandes massas de católicos e não católicos. Que soubesse compreender o mundo – os dramas da cortina de ferro, da guerra fria, do subdesenvolvimento, da superpopulação global, das migrações em massa, do perigo de uma guerra nuclear e das viagens espaciais. Enfim, alguém com as características de Dom João Batista Montini… Porém, desconfiava que Pio XII não havia elevado Montini ao cardinalato justamente para dificultar a sua eleição.

Depois de três dias e onze escrutínios, no entardecer do dia 28 de outubro de 1958 saiu a fumaça branca… O eleito foi Ângelo José Roncalli, um italiano, filho de agricultores, nascido em 25 de novembro de 1881, em Sotto il Monte, Bérgamo. O 262.º sucessor de Pedro começou a surpreender o mundo desde a escolha do nome, João XXIII. Dom Helder, no entanto, não se empolgou com a notícia de que o novo Papa era um tal de Roncalli, um ancião… Porém, dias depois, na terceira reunião anual do Celam, em Roma, de 6 a 15 de novembro, ficou surpreso com João XXIII que fez uma visita aos representantes da hierarquia latino-americana e encorajou os Bispos para que continuassem a aprofundar a visão da realidade latino-americana a fim de preparar e realizar, com coragem, um novo plano de ação da Igreja para o continente. Durante o Concílio Vaticano II, Dom Helder tentou manter o Concílio na linha inspirada por Deus a João XXIII e será, ainda durante o Concílio, o grande defensor da canonização de João XXIII pois nele havia santidade!

Pe. Ivanir Antonio Rampon

Algumas fontes

Dom Helder Camara. Circulares Conciliares, I – de 13/14 de outubro de 1962 a março de 1964, Circular 32, Obras Completas de Dom Helder, Recife: Cepe, 2009.

Dom Helder Camara. Le conversioni di un vescovo. Torino: Società Editrice Internazionale. Prefazione di José de Broucker, p. 172. [Original Lés conversions d’évêque: Editions Seuil, 1977].

Ivanir Antonio Rampon, O caminho espiritual de Dom Helder Camara. São Paulo: Paulinas, p. 68.

Ivanir Antonio Rampon, Paulo VI e Dom Helder Camara – exemplo de uma amizade espiritual. São Paulo: Paulinas, p. 47-52, 2014.

Nelson Piletti e Walter Praxedes, Dom Hélder Câmara: entre o poder e a profecia. São Paulo: Editora Contexto, p. 230-231, 2008.

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