Projeto Dom Cultural

Projeto Dom Cultural

“Andar às voltas com o belo é andar às voltas com Deus”. Dom Helder Camara

O Projeto Dom Cultural surgiu da ideia de Pe. Fabio Potiguar de reviver os famosos saraus ou noitadas culturais que Dom Helder promovia, no palácio dos Manguinhos, durante seu arcebispado.
COm a aprovação do IDHeC – Instituto Dom Helder Camra, o capelão das Fronteiras, para reviver esses momentos, formou uma comissão, coordenada por ele, para pensar e organizar as noitadas, composta por Marcelo Melo, Percy Marques, Jussara Kouryh, Newton Cabral, Rejane Menezes e Sílvia Meneses.
Diz-se que existe uma diferença entre ser idoso e ser velho e, entre outras coisas, essa diferença estaria na capacidade de continuar sonhando, na alegria de viver, na preservação da jovialidade, em estar sempre aberto a aprender, fazer planos para o futuro e achar que a vida se renova a cada dia. Assim era Dom Helder, alguém que tinha mil razões para viver, que achava o deserto fértil e para quem as sementes que queria espalhar pela terra eram de paz, compreensão, amor, largueza de visão e coração e de esperança. Um jovem que nunca ficou velho.
E, para celebrar essa alegria de viver, o Dom se envolvia com as manifestações culturais, em todas as suas formas. Gostava de ir ao cinema, de teatro, de
pintura, de ler, de esculturas e, sobretudo, amava música.
E o Dom Cultural se propõe a trazer de volta essas noitadas culturais que o Dom Promovia, só que, dessa vez, no lugar que ele escolheu para morar: a igreja das Fronteiras.
Com uma programação já definida para 2025, o Dom Cultural acontecerá sempre na última sexta-feira do mês, às 19h, na igreja das Fronteiras

Um Pouco sobre a Noitadas no palácio de São José dos Manguinhos

De acordo com o monge Marcelo Barros, em seu livro “Não Deixe Cair a Profecia”, para Dom Helder quem é artista não pode ser medido pelos quadros comuns. O artista participa ainda mais claramente do poder criador de Deus. Todo artista é original e reage ao enquadramento, a monotonia, à rotina. A pessoa que é verdadeiramente artista costuma ser aberta ao que é humano, à justiça e à liberdade.  

Durante a ditadura militar, impedidos de se manifestar contra o regime vigente, cada artista se expressava,  em nome dos que não podiam falar, em sua linguagem própria: poesia, música, teatro, cinema, pinturas, cultura. Pode até ser dito que os as artistas, quase por definição, pertencem as minorias abraââmicas

A relação do Dom com as artes deu muito cedo porque a arte lhe permitiu abrir seu sonho. Quando no Recife, o Dom começou a organizar as noitadas, nas quais recebia artistas e jovens, houve críticas: perda de tempo, esnobismo, diletantismo, imperdoável numa região subdesenvolvida e por aí seguiam.

 E, em resposta, o Dom falou que “alegra-me ver um grupo sério discutindo problemas limpos e sedentes de beleza. Quando se nota, o relógio está batendo meia-noite e não se para nem na hora do sorvete. Todos se sentem em casa. Não é Casa do Bispo isto é do pai, do irmão? Não, é a casa do bispinho”.

Para Marcelo Barros, o dom desenvolveu a comunicação oral e escrita. Tinha prazer em se comunicar com o povo. Desde jovem manteve com a imprensa uma relação sempre muito próxima. Só deixou de artigos nos jornais quando foi proibido pela ditadura militar. Nas vigílias de cada madrugada que escrevia em forma de circulares ao grupo de amigos e auxiliares, nunca faltavam poesia. São tantos poemas que dariam vários livros.

E ainda compôs, com o Pe. Pierre Kaeli, a Sinfonia dos Dois Mundos, exibida e aclamada, ao redor do mundo.

Gostava de dizer que sua arte tinha, como inspiração fundamental, o artista supremo que é Deus e que como método de realização, a obra mais primorosa de qualquer artista a construção da paz.

“É indispensável é que o artista seja de fato artista. Não dê a impressão de defender uma tese, o que é abastardaria a obra de arte. Transmita uma mensagem que, de fato, se tenha tornado carne de sua carne, sangue de seu sangue”.(Cf. O Deserto é Fértil, pág. 91/92)

Em uma de suas vigílias no tempo do concílio escreveu “o homem que não tem música na alma é um traidor?… Diria que é o infeliz, porque não ouso dizer que quando muito, será um traído …Ou será que Deus põe música na alma de todos? Nesse caso, é uma traição ao criador não despertá-la dentro de nós?” ( Roma2/3.3.1964)

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