Mais um bravo guerreiro que se vai
“Meu pai sempre dizia: não levante a sua voz, melhore os seus argumentos”. Desmond Tutu
Hoje o mundo amanheceu mais triste. Um bravo defensor e guerreiro dos direitos humanos, fez a sua páscoa.
Um dos maiores ativistas na luta contra o Apartheid na África do Sul, foi incansável na defesa da igualdade racial, tendo a sua ação sido reconhecida mundialmente, ao receber o prêmio Nobel da Paz, em 1984, partiu, aos 90 anos, Desmond Tutu, Arcebispo da Igreja Anglicana da África do Sul entre 1986-1996.
Para o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa,
“A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto no adeus de nossa nação a uma geração de sul-africanos excepcionais que nos deixou uma África do Sul liberta”.
Em um mundo onde o retrocesso parece estar se espalhando cada vez mais, é muito importante que líderes, como Desmond Tutu, sejam sempre lembrados, para que as pessoas, ao conhecerem a sua história e a lamentável história do Apartheid, lembrem-se de que não é a cor da pele que define o ser humano e que o preconceito racial, como todo preconceito, é absurdo e inaceitável.
Nascido em 7 de outubro de 1931, na cidade de Klerksdorp, província de Transvaal, na África do Sul, Desmond Mpilo Tutu dedicou toda a sua vida em prol da Paz e pelo fim dos preconceitos. Quando criança sofreu forte influência de um clérigo anglicano branco, o Pastor Trevor Huddleston (1913-1998), que era abertamente contra a discriminação entre as raças, fazendo-o perceber que nem todos os brancos eram maus, inclusive despertando nele a religiosidade.
Em 1975, tornou-se o primeiro deão — espécie de coordenador de sacerdotes — negro da catedral de Santa Maria, em Johannesburgo, já se destacando naquela época. Após três anos, é nomeado Secretário-Geral do Conselho das Igrejas da África do Sul, sendo novamente vanguardeiro ao ocupar esse cargo, no qual alcançou projeção dentro e fora do seu país como porta-voz Antiapartheid. Sua proposta para a sociedade sul-africana abrangeu direitos civis iguais para a raça negra, abolição das leis que limitavam a circulação, um sistema educacional comum e o fim das deportações forçadas.
Em 1987 Desmond Tutu visitou o Recife e foi recebido pelo arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Helder Camara. Uma grande amizade unia os dois arcebispos.
Antes mesmo de embarcar para o Brasil, como registrou o jornal Correio Braziliense, em maio de 1987, declarou a um diplomata do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil: “Ao chegar ao seu país, desejo encontrar-me com meus Irmãos de Fé e quero rever dois grandes amigos: Dom Helder Camara e o presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto”.
Conforme podemos ver na reportagem do NE TV, Dom Helder o recebeu no aeroporto.
Quando, no governo Nelson Mandela, finalmente o regime do Aparteheid chegou ao fima. presidente da Comissão da Verdade e Conciliação da África do Sul, Desmont Tutu, disse: “A verdade cura, às vezes arde, mas cura”.
Registramos aqui a admiração de todos e todas que fazem o IDHeC, Instituto Dom Helder Camara por esse homem que escreveu a história com as tintas da justiça e da busca da paz, bem como o nosso mais profundo sentimento por sua partida, ao país onde fez de sua vida uma missão libertadora, a África do Sul e aos irmãs e irmãos da Igreja Anglicana de seu País , assim como da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
Que as sementes de libertação plantadas por Desmond Tutu, unida as sementes plantada por Dom Helder, germinem sempre, enchendo a humanidade de tolerância, ternura e amor, uns pelos outros.