Vida Sacerdotal

Sacerdócio

Desde os quatro anos de idade que o pequeno Helder prestava uma atenção muito especial aos padres que celebravam a missa. Os padres lazaristas que atuavam na cidade de Fortaleza, certamente, o levaram a querer ser um deles.

Durante a infância, não foram raros os momentos em que surpreendia os familiares brincando de celebrar a missa, de costas para eles, conforme o costume da época, ficando em frente a um altar improvisado, construído com caixas de sabonete vazias.

Em 1923, aos catorze anos, ingressa no Seminário da Prainha em Fortaleza, onde faz os cursos preparatórios e os de filosofia e teologia, tendo sua preparação sacerdotal se dado de forma tranquila, muito embora já se destacando pela sagacidade em defender seus pontos de vista em embates presidido pelo padre Tobias Dequidt, então reitor, que muito o admirava pela segurança das suas argumentações.

Em 15 de agosto de 1931 foi ordenado padre, após receber uma autorização especial da Santa Sé por estar abaixo da idade mínima permitida para a ordenação.

No dia seguinte celebra sua primeira missa, realizando assim o sonho de criança.

Por ter usado termos eruditos e de pouco uso, ouviu, após a celebração, o conselho de um de seus professores, o Padre Breno: “Deixe de ser bobo. Você vai falar para gente humilde. Você tem que falar naturalmente”.

O jovem sacerdote aprendeu aquela última lição ensinada por seu mestre, usando-a para toda sua vida, a qual dedicou a causa dos mais simples, mais necessitados, sem vez e sem voz.

O início de sua vida sacerdotal foi marcado por seu empenho na organização do Movimento Juventude Operária Católica e, paralelamente, assumindo as funções de Assistente Eclesiástico da Liga dos Professores Católicos e as atividades de professor de religião dos Liceu do Ceará. Sua capacidade de ensinar era extraordinária, sabendo transmitir, com eficiência, os ensinamentos exigidos pelo programa.

Em 1931, ao lado de dois amigos, fundou a legião Cearense do Trabalho e, em 1933, ao lado das lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, instituiu a Sindicalização Operária Feminina Católica.

O fundador e dirigente da Ação Integralista Brasileira – AIB, Plínio Salgado, impressionado com as iniciativas daquele jovem padre, o convida para se filiar a AIB. Depois de receber a autorização de seu arcebispo, Dom Manuel, padre Helder aceita o convite e assume o cargo de Secretário de Estudos da AIB, no Ceará.

Graças ao seu trabalho como educador, padre Helder, em 1935, foi convidado pelo então governador cearense Menezes Pimentel para ocupar as funções de Diretor da Instrução Pública do Estado, atualmente correspondente às funções de Secretário de Educação. Padre Helder exerceu a sua nova função de maneira competente e dedicada, tendo contribuído, de maneira decisiva, para a reforma do método de ensino e melhoria no desenvolvimento da educação pública cearense.

No ano seguinte, dom Helder parte para o Rio de Janeiro, a bordo do navio Afonso Pena. Chegando lá, no dia 16 de janeiro de 1936, se desliga do Integralismo, dedicando-se com afinco aos estudos, às suas atividades profissionais e ao seu apostolado. Assume a função de Diretor Técnico do Ensino da Religião, na renovação do ensino catequético do sistema educacional estadual.

De 1947 a 1954 ele dirige e colabora com as revistas Ação Católica e Assistente Eclesiástico. Em 1949, torna-se primeiro redator e depois diretor da Revista Catequética, também sendo um dos principais colaboradores da Revista Eclesiástica Brasileira.

Em 1950, viaja a Roma e tem o seu primeiro contato com o Monsenhor Montini, o futuro papa Paulo VI, com quem deixa as primeiras sementes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.