Causos do Dom: Monsenhor Helder é nomeado Bispo: a celebração foi soleníssima

Causos do Dom: Monsenhor Helder é nomeado Bispo: a celebração foi soleníssima

Colaboração do Pe. Ivanir Antônio Rampon

Em 3 de março de 1952, Monsenhor Helder foi eleito Bispo por indicação do Cardeal Jaime Câmara com pleno consentimento do Núncio Dom Chiarlo. No livro Chi sono io? (Que sou eu?), Dom Helder afirmou que o Cardeal Camara o estimava muito e, por isso, o indicou para Bispo Auxiliar (1952) e, depois, para Arcebispo Auxiliar (1955). Segundo Marcos de Castro, o Cardeal já havia solicitado que o Pe. Helder fosse ordenado Bispo ainda em 1946, mas, devido a uma informação enviada a Roma – de que o Rio de Janeiro jamais perdoaria Dom Jaime por indicar um Bispo Auxiliar integralista –, a nomeação saiu somente em 1952. González acredita, no entanto, que muitos Bispos devem ter-lhe indicado a mitra; é provável, também, que Montini tenha sugerido a Pio XII essa boa nomeação publicada no L’Osservatore Romano de 3 de março de 1952.

A cerimônia de sagração – como se dizia – aconteceu no dia 20 de abril de 1952, um domingo ensolarado, na suntuosa Igreja da Candelária, na época a mais rica do país. A Missa de ordenação episcopal, presidida pelo Cardeal Jaime, foi soleníssima, toda em latim, e durou mais de duas horas. Ao final, Dom Helder foi cumprimentado por seu padrinho de sagração, Antonio Alves Sarda, diretor do Banco Português. Em seguida, vieram os familiares e amigos. Seu pai octogenário, João Câmara, acompanhou toda a celebração juntamente com as filhas Nairzinha, Ir. Stefânia (Maroquinha) e a nora Elisa. Estavam presentes seu irmão Mardônio e a cunhada Norma. Muitos amigos, intelectuais e militantes da Ação Católica Brasileira, felizes, acompanhavam a ordenação. Houve, no entanto, a ausência do grande amigo Alceu Amoroso Lima que estava trabalhando como diretor do departamento cultural da Organização dos Estados Americanos, nos Estados Unidos.

Dom Helder continuou habitando com sua família. Para ele, era preferível um pequeno apartamento em um bairro popular do Rio de Janeiro, o Botafogo, ao opulento Palácio São Joaquim. Compartilhava a casa com sua irmã, sua cunhada e seu pai. Com os vizinhos falava de futebol, carnaval, escolas de samba… Nos momentos solenes, usava todas as insígnias de um Bispo e, depois de 1955, de um Arcebispo…

Pe. Ivanir Antonio Rampon

Algumas fontes:

Hélder Câmara. Chi sono io? A cura di Benedicto Tapia de Renedo, presentazione di Ettore Mesina. Assisi: Cittadella Editrice, p. 34, 1979.

Ivanir Antonio Rampon, O caminho espiritual de Dom Helder Camara. São Paulo: Paulinas, p. 58-59, 2013.

Ivanir Antonio Rampon, Paulo VI e Dom Helder Camara – exemplo de uma amizade espiritual. São Paulo: Paulinas, p. 27, 2014.

José Cayuela. Hélder Câmara – Brasil: ¿un Vietnam católico? Santiago de Chile – Buenos Aires – México – Madrid – Barcelona: Pomaire, p. 160, 1969.

José Gonzáles, Helder Câmara: il grido dei poveri, Roma: Edizione Pauline, p. 77-78, 1970, 19764.

Marcos de Castro, Dom Helder: misticismo e santidade, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p. 78-78, 2002.

Nelson Piletti e Walter Praxedes, Dom Hélder Câmara: entre o poder e a profecia. São Paulo: Editora Contexto, p.187-192, 2008.

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