Causos do Dom: Monsenhor Helder Recebe Convite do Secretário Geral do Ano Santo Para Avaliar o Ano Santo de 1950
Estamos celebrando o Jubileu dos 2025 anos do nascimento de Jesus Cristo proclamado pelo Papa Francisco e tendo por tema “Peregrinos de Esperança”. Recordamos que Dom Helder foi o organizador, no Brasil, das atividades do Ano Santo de 1950. Ele organizou a Primeira Peregrinação Oficial Popular para Roma.
Em Roma, os peregrinos e peregrinas buscaram as indulgências visitando as basílicas de São Pedro, São Paulo fora dos Muros e Santa Maria Maior. Depois visitaram outros lugares religiosos e museus. Os brasileiros viram gente de todas as partes do mundo, ouviram diversas línguas e ficaram impressionados com a universalidade da Igreja Católica. Compraram terços, imagens sacras, distintivos, garrafas de licores e vinhos do Ano Santo.
No dia 22 de abril, um grupo foi escolhido para receber a bênção do Papa Pio XII, do qual Monsenhor Helder não fez parte, mas sim, Dom Rosalvo, Presidente da Comissão Nacional para o Ano Santo. Dom Rosalvo foi a Roma de avião por causa dos problemas de saúde e recebeu muitas homenagens por ter organizado uma caravana tão numerosa…
Os peregrinos brasileiros também foram para Tívoli, Assis, Perusa, Firenze, Montecatini, Pisa e outros lugares. Em Pistóia, no dia 30 de abril, visitaram o cemitério onde haviam sido sepultados os 465 soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial – em 1960, seus corpos foram transferidos para o Rio de Janeiro. De Gênova, partiram para Lisboa e outras cidades de Portugal. No dia 12 de maio, visitaram o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Dali, o Monsenhor voltou de avião porque muitos trabalhos o aguardavam, entre eles a Quarta Semana Nacional da Ação Católica Brasileira.
Com o sucesso da programação em torno do Ano Santo, Helder recebeu muitos elogios pelo seu dote de organizador. Após essa primeira viagem internacional, ele recebeu um convite do Monsenhor Sergio Pignedoli, Secretário Geral do Comitê para o Ano Santo, para retornar a Roma a fim de avaliar com os demais secretariados das comissões nacionais as atividades do Ano Santo. Na oportunidade, Helder iniciou junto a um eminente auxiliar de Pio XII, Monsenhor João Batista Montini, as articulações que resultariam na fundação da CNBB, em 1952. É neste contexto que iniciará a amizade espiritual entre o Monsenhor Helder e o Monsenhor Montini. Tal amizade terá repercussões importantíssimas na história da Igreja no Brasil e na América Latina.
Pe. Ivanir Antonio Rampon
Dom Helder Camara. Le conversioni di un vescovo. Torino: Società Editrice Internazionale. Prefazione di José de Broucker, p. 137-140. [Original Lés conversions d’évêque: Editions Seuil, 1977].
Ivanir Antonio Rampon, O caminho espiritual de Dom Helder Camara. São Paulo: Paulinas, p. 53-55, 2013.
Nelson Piletti e Walter Praxedes, Dom Hélder Câmara: entre o poder e a profecia. São Paulo: Editora Contexto, p. 169-177, 2008.