Causos do Dom: O “Átrio dos Milagres”
Na década de 1940, Pe. Helder viveu intensas experiências místicas – pelas quais Deus estava preparando-o para sua posterior e intensa missão profética, pastoral e episcopal. Sua experiência de Deus resultava na vivência profunda da caridade. Com isto, passou ter a fama de ser caridoso e muitas pessoas vinham pedir-lhe esmolas.
São vários os “causos” desta década. Por exemplo, aconteceu que um homem lhe pediu uma ajuda, queixando-se de estar endividado. Pe. Helder o convidou para ir junto comprar um maço de cigarros. Aquele retrucou que não fumava, mas o padre lhe falou que poderia achar um vale-brinde dentro do maço. Os dois compraram e acharam um vale-brinde que resolveu, momentaneamente, o problema financeiro daquela pessoa, a qual começou a espalhar que o Pe. Helder era milagreiro.
Outro homem, cheio de dívidas, com aluguel atrasado e com ordem de despejo, provavelmente, iria tentar o suicídio. Pe. Helder comentou, discretamente, a situação com a sua amiga Margarida Campos Heitor. Esta lhe disse que justamente naquele dia – seu aniversário – tinha recebido dinheiro de seu marido para doar aos pobres. Assim, o Pe. Helder ia resolvendo, “milagrosamente”, os problemas de muitos pobres. O lugar onde ele trabalhava recebeu o apelido de “Átrio dos Milagres”, porque muitas pessoas chegavam pedindo ajudas. Talvez esteja aqui a raiz do Banco da Providência fundado por Dom Helder, na década de 50, no Rio de Janeiro e, na década de 60, em Recife.
Pe. Ivanir Antonio Rampon
Algumas fontes:
Ivanir Antonio Rampon, O caminho espiritual de Dom Helder Camara. São Paulo: Paulinas, p. 49-50, 2013.
Nelson Piletti e Walter Praxedes, Dom Hélder Câmara: entre o poder e a profecia. São Paulo: Editora Contexto, p. 147-149, 2008.