Memória em Palavras – O Acervo da Vida e da Obra de Dom Helder Camara- Patrimônio do Povo de Pernambuco

Memória em Palavras – O Acervo da Vida e da Obra de Dom Helder Camara- Patrimônio do Povo de Pernambuco

Um Tributo Àqueles e Àquelas Que Possibilitaram Formar e Preservar Essa Riqueza, Agora Disponivel Para Toda a Humanidade

III SEMANA DOM HELDER CAMARA DE DIREITOS HUMANOS DA UNICAP DEMOCRACIA,MEMÓRIA E DIVERSIDADE

Roda de diálogo sobre o projeto de digitalização do acervo de  Dom Helder Camara.

CEPE/IDHEC.

Antonio Carlos Maranhão de Aguiar- Diretor Consultivo do IDHEC Auditório G1 da UNICAP, 27/8/2024- 25º aniversário da páscoa de Dom Helder.

NOSSOS AGRADECIMENTOS AOS PARCEIROS- CEPE

À COMPANHIA EDITORA DE PERNAMBUCO-CEPE que executou com competência toda essa obra, que hoje simbolicamente encerramos, nas pessoas de: Ricardo Leitão e João Baltar Freire, presidentes da CEPE no período desse projeto;

À competente equipe da CEPE envolvida no projeto, sempre pronta a superar as dificuldades encontradas ao longo do trabalho: Igor Burgos; Symone Farias; Ana Terra Cunha; Ana Cláudia Alencar; Débora Lobo; Martiniano Lins; Kennedy Pires; Fabíola Rodrigues; Pedro Henrique Santos; Luciana Lino e Denise Vieira.

NOSSOS AGRADECIMENTOS AOS PARCEIROS- PCR

1-À PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE, nas pessoas de:

Nossa querida Leda Alves, secretária de Cultura da PCR, de 2013 a 2020, entusiasta defensora desse projeto, que assinou em novembro de 2015, o Convênio nº84 possibilitando a contratação da CEPE para a execução de toda essa obra, que hoje simbolicamente concluímos;

Ricardo Melo e Tayza Contagem que sucederam a Leda Alves na Secretaria de Cultura e deram continuidade ao convênio; Danilo Almeida, gestor do convênio pela PCR.

NOSSO AGRADECIMENTO AOS COLABORADRES DO IDHEC, ENVOLVIDOS NESSE PROJETO

  • Vanuzia Brito, bibliotecária , atuou durante todo o tempo do projeto, de 2015 a 2024;
  • Lucy Pina, historiadora, atuou no projeto de 2015 a 2019;
  • João Filipe Xavier, historiador, atuou no projeto de 2019 a 2024.
  • Estagiários:

Joyce Mesquita; Mariana Prudente da Silva; Maruza Gabrielle Martins Campello; Lindomar Alves Lins;Kamilla Bastos Oliveira; Weinar Santos Silva; Rodrigo José Pereira de Araujo Lopes Bezerra; Ismaelene Maria Souza dos Santos; Julia Gabriela Pereira Sabino; Davi Reis Dantas de Oliveira; Matheus Arce Correia Pinto; Emmanuelle Oliveira de Lima

QUEM NOS REÚNE A TODOS, AQUI, NESSE AUDITÓRIO DA UNICAP

Helder Pessoa Camara, brasileiro, cearense, padre da Igreja Católica, bispo auxiliar no Rio de Janeiro, arcebispo de Olinda e Recife, cidadão do mundo indicado por quatro vezes para o Nobel da Paz, conhecido também como o dom da paz, o dom da justiça, o dom das artes, o amigo dos pobres, o bispo vermelho, o bispo comunista, o subversivo, o lacaio de Moscou, o …, que desde moço queria escrever “uns artiguinhos quaisquer”, como ele mesmo registrou aos 34 anos no manuscrito inédito vA ESCOLHA DE DEUS.

ELE, JOVEM AINDA, NÃO SABIA O PAPEL QUE DEUS LHE RESERVARA

  • “Passarei pela vida sem deixar nenhum sinal mais forte, marca nenhuma duradoura e inesquecível. Não escreverei a Suma Teológica, nem a Divina Comédia. Não serei S. Vicente de Paula, nem S. João Bosco. Olharei de longe S. Francisco Xavier sem poder imitá-lo. Mais de longe ainda S. Francisco de Assis. Escreverei uns artiguinhos quaisquer em duas ou três revistas. Talvez deixe uns dois livros, que umas duzentas pessoas cheguem a ler. Pregarei alguns sermões mais ou menos louvados. E morrerei. No meu enterro alguém comentará que eu não produzi o que podia produzir.”

Padre Helder Camara, aos 34 anos. Do manuscrito inédito, A ESCOLHA DE DEUS, de 1943.

NOSSA HOMENAGEM ÀS BIBLIOTECÁRIAS DO CeDoHC, QUE MESMO ANTES DE SUA FUNDAÇÃO JÁ ERAM ARTÍFICES DESSA GRANDE OBRA

  • MARIA JOSE DUPERRON CAVALCANTI –ZEZITA (1964 a 2015)
  • FÁTIMA SILVA (1987 a 1995)
  • MARIA DE JESUS MELO (1995 a 2005)
  • ELIENE VASCONCELOS (1995 a 2004)
  • SANDERLI STRIEDER (2006)
  • MARIA HELENA FERREIRA ( 2007 a 2014)
  • VANUZIA BRITO (2015 …)

PARA QUEM IA ESCREVER “uns artiguinhos quaisquer em duas ou três revistas, E talvez deixe uns dois livros, que umas duzentas pessoas cheguem a ler”… , ATÉ QUE SUPEROU A EXPECTATIVA!

A DIMENSÃO DO ACERVO ( em nº de documentos)

  • 23 livros de sua autoria (alguns traduzidos em 16 idiomas)
  • 27 prefácios em livros,      Brasil e exterior
  • 7.547 Meditações
  • 297 Circulares Conciliares
  • 1.832   Circulares   Inter   e   Pós  – Conciliares
  • 531 Circulares sobre Ação Justiça e Paz, Minorias Abraâmicas, Trabalhos, a vida da Arquidiocese e outros assuntos;
  • 747 Discursos
  • 61 Títulos Biográficos;
  • 2.798 Artigos publicados sobre o Dom (até sua morte);
  • 2.735 programas de rádio – “Um Olhar Sobre a Cidade”
  • 1.810 programas de rádio – “Pausa para uma Prece”
  • 144 revistas com matérias sobre o Dom
  • 2.758 livros dedicados ou presenteados
  • 320 vídeo tapes
  • 291 fitas K7
  • Cerca de 15.000 fotografias;
  • 44 volumes encadernados com recortes de jornais nacionais e internacionais
  • Texto da “Sinfonia dos Dois Mundos”, de sua autoria, apresentada 26 vezes em 12 países;
  • Ballet “Missa para um Tempo Futuro” de sua autoria
  • Inúmeras monografias e Teses

A ORIGEM DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO HELDER CAMARA-CeDoHC

  • O CeDoHC foi inaugurado 07/02/1999 por iniciativa de Maria José Duperron Cavalcanti, então secretária de Dom Helder e diretora da Obras de Frei Francisco, que ele criara em 07/02/1984.
    • A ideia/compromisso de publicar os escritos de Dom Helder surgiu do padre José Comblin, durante uma palestra no Recife. Ele desafiou a então Obras de Frei Francisco a fazer como os salvadorenhos que haviam publicado em 10 volumes, as homilias e escritos de Dom Oscar Romero, depois canonizado pelo Papa Francisco.
    • O desafio foi aceito e um grupo formado por padre João Pubben, Zildo Rocha e Lauro de Oliveira, depois de uma série de reuniões, formalizou o convite a Luiz Carlos Luz Marques , doutor em História pela Universidade de Bolonha, para coordenar o projeto. O resultado desse trabalho foi o lançamento, pela UFPE em 2004, do primeiro livro com os escritos de Dom Helder à Família de São Joaquim, intitulado “Vaticano II: Correspondência Conciliar- Circulares à Família de São Joaquim”.

FOTOS DA INAUGURAÇÃO DO CeDoHC- 07de fevereiro de 1999. Aniversário de 90 anos de Dom Helder

Maria José Duperron Cavalcanti (Zezita); Dom Helder; Dom Antônio Soares Costa; Dom Marcelo Carvalheira

DIA DA INAUGURAÇÃO, 07/02/1999: DOM HELDER ENTRANDO NO CEDHOC COM DOM ANTONIO COSTA, DOM MARCELO CARVALHEIRA, DR. LEVI LEITE E ZEZITA DUPERRON, E EXAMINANDO DOCUMENTOS COM DOM MARCELO CARVALHEIRA, DOM ANTONIO COSTA E PADRE JOÃO PUBBEN.

A FAMÍLIA DE SÃO JOAQUIM

O ACERVO FORMADO NO RIO DE JANEIRO

Tudo o que Dom Helder escrevia, enviava para a Família de São Joaquim, inclusive as Cartas Conciliares, escritas em Roma até o dia 13 de março de 1964, quando em audiência com o papa Paulo VI, foi designado arcebispo de Olinda e Recife. Nessa mesma noite, Dom Helder escreve: “Esta é a minha última Circular à Família do São Joaquim…

Na tarde de hoje, espero escrever a minha 1ª Circular à querida Família de Mecejana”.

Além das Cartas , a família de São Joaquim recebia e guardava diligentemente todos os escritos de Dom Helder, como mostram os dois exemplos a seguir:

  • A coleção de Virgínia Côrtes de Lacerda com 4.757 páginas, de correspondências, manuscritos e estudos, escritos entre 1944 a 1952,
  • A coleção de Cecília Goulart Monteiro com 1.208 páginas,. Correspondências a Frei Leão; Correspondências Conciliares; Cartas de Direção Espiritual; Regras de Vida, entre outros escritos entre 1936 e 1971.

Cecília foi secretária de Dom Helder no Rio de Janeiro, e guardiã de sua documentação. Sua morte em um acidente, impactou a Família do São Joaquim, que decidiu enviar para o IDHeC, todos os arquivos e documentos até então guardados por suas integrantes..

No início dos anos 2000, padre João Pubben e uma então estagiária do pesquisador Luiz Carlos trouxeram do Rio de janeiro a parte do acervo de Dom Helder que ainda estava na casa de sua irmã Nair Pessoa Camara.

Mais recentemente, na década de 2010, a então historiadora do CeDoHC, Lucy Pina, foi por duas vezes ao Rio de Janeiro, receber os documentos que ainda se achavam nos acervos de Maria Luiza Monat Jardim e de Aglaia Peixoto.

A FAMÍLIA DE SÃO JOAQUIM- AMIGAS(OS) DO RIO DE JANEIRO

  1. Aglaia Peixoto;
  2. Alfredina Paiva e Souza;
  3. Carlina Gomes;
  4. Cecília Arraes;
  5. Cecília Goulart Monteiro; (Frei Leão, secretária de D. Helder no RJ);
  6. Hilda (motorista do Dom);
  7. Odete Azevedo Soares;
  8. Ir. Eni;
  9. Jardeline Barros;
  10. Lenita Duarte;
  11. Maria Amélia Medeiros;
  1. Maria Luiza Monat Jardim;
  2. Edgar Amarante (Casado com Maria Luiza);
  3. Marina Araújo;
  4. Marina Bandeira;
  5. Nair Cruz de Oliveira;
  6. Rosa Guerreiro;
  7. D. Timóteo Anastácio, OSB;
  8. Wilma Peixoto;
  9. Virgínia Côrtes de Lacerda (frei Jacoba, ou Caecília)
  10. Helder Camara. (frei Francisco)

O ACERVO FORMADO NO RECIFE

  • Ao chegar ao Recife, uma das primeiras providências de Dom Helder foi escolher uma pessoa para ser sua secretária. Bibliotecária por formação, católica de tradição familiar, coordenadora da Área Nordeste do Movimento Bandeirante, Maria José Duperron Cavalcanti- Zezita, foi a escolhida. Acompanhou o Dom até a sua morte em 1999, e continuou sua missão como diretora da “Obras de Frei Francisco”, fundadora do CeDoHC e sua 1ª bibliotecária. Trabalhou até a morte, após o que, sua família doou ao IDHeC o seu acervo pessoal, com 24.200 páginas de documentos relacionados à vida e à obra do Dom.
    • Como secretária acompanhou Dom Helder em suas viagens por todo o mundo, e com competência e dedicação exemplares, colecionou e organizou todos os documentos escritos por ele e também sobre ele, sendo a grande responsável pela formação desse acervo.
    • Comandou uma equipe de datilógrafas, logo após a morte de Dom Helder para datilografar todos os manuscritos de Dom Helder, sendo pessoalmente a responsável por “decifrar” esses manuscritos, muitas vezes de difícil leitura.
    • A Zezita, a nossa grande homenagem, pelo extraordinario mérito de assegurar a existência desse acervo , patrimônio cultural dos pernambucanos.

DOM HELDER E SEUS PSEUDÔNIMOS

  • Era como Helder Camara que ele assinava todos os documentos oficiais que escreveu.
    • Nos escritos particulares, e nas meditações, ele também assinava como Frei Francisco, Padre José ou padre Albertus.
    • Padre Jose era o pseudônimo que ele usava nas Meditaçoes.
    • Para duas de suas amigas no Rio de Janeiro com que ele se comunicava por cartas, ele chamava de Frei Leão e Frei Jacoba, que eram dois grandes amigos de Frei Francisco de Assis, hoje um grande santo da Igreja. Para elas, ele sempre assinava as cartas como Frei Francisco ou padre Albertus.

A 1ª MEDITAÇÃO DO PADRE JOSE- RIO 26/10/45

A 7.547ª MEDITAÇÃO DO PADRE JOSÉ- RECIFE14/4/1990

  • Em 44 anos e seis meses, dom Helder escreveu 7.547 Meditações do Padre José. Isso significa que ele escreveu em média 14,13 meditações por mês, ou uma a cada 2 dias.

•     IMPRESSIONANTE !!!

DOM HELDER CONSTRUIA SEUS DISCURSOS, OUVINDO ESPECIALISTAS E SEMPRE SE REFERIA A DOCUMENTOS OFICIAIS DA IGREJA . O “CORTA E COLA FÍSICO” ERA FREQUENTE NESSA PREPARAÇÃO, SEMPRE MUITO ACURADA E RESPONSÁVEL. ELE DENUNCIAVA TAMBEM AS PERSEGUIÇÕES AOS ESPECIALISTAS .

NO DIA 31/05/2022, GRAÇAS À PARCERIA IDHEC/ CEPE, PADRE LUCIANO BRITO ENTREGOU AO MONSENHOR JÁCOMO, DA “CONGREGAÇÃO VATICANA PARA A CAUSA DOS SANTOS’, 63.457 PÁGINAS DE ESCRITOS DE DOM HELDER, IDENTIFICADAS E CATALOGADAS PELO CEDOHC E DIGITALIZADAS, IMPRESSAS E ENCADERNADAS PELA CEPE.( Os volumes em vermelho)

E DAQUI PARA A FRENTE…?

  • Na primeira parceria, celebrada em 2.009, a CEPE , na época presidida por Leda Alves, comprometeu-se a publicar as “Obras Completas” dos escritos de Dom Helder. Até agora, foram publicados 5 volumes com 16 tomos, abrangendo as Circulares Conciliares, Inter Conciliares e Pós Conciliares, escritas entre1962 e 1970, com notas explicativas de Luiz Carlos Luz, Zildo Rocha e Marcelo Barros, Hoje, está pronto para ser publicado o volume VI, com Circulares relativas à Abertura da Ação Justiça e Paz para o Plano Mundial, escritas de 1971 a 1973, e em finalização de revisão o VII e último volume das Circulares Ação Justiça e Paz, escritas entre 1974 e 1976.

VAMOS CONTINUAR ESSA EXITOSA PARCERIA IDHEC/CEPE!!

Este resgate da história do Acervo de Dom Helder Camara foi feito pelo Diretor Consultivo do IDHeC Antonio Carlos Maranhão de Aguiar e apresentado na II Semana Dom Helder Camara de Direitos Humanos, finalizando o evento que celebrou o encerramento do convênio de DIgitalização, em 27 de agosto de 2024, data em que, há 25 anos, Dom Helder partia para a Casa do Pai.

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