Causos do Dom: Nós Sempre Fomos Amigos
Colaboração do Prof. Martinho Condini
“Eu penso que é dele [Dom Helder Camara] a famosa frase “que depois que Cristo ressuscitou não temos mais o direito de sermos tristes, mas vivermos alegres porque a vida triunfou definitivamente”.
Dom Helder é alguém que tem tanta riqueza, que ela pode ser sempre resgatada. E há sempre pessoas que entenderão Dom Helder como uma figura seminal, uma semente que sempre produz vida, frutos, inspirações. Essa é a grandeza para mim, de Dom Helder.
A única limitação que eu sinto da igreja institucional, é que ela não soube criar o quadro que ele merecia. O quadro universal, e isso afetou muito Dom Helder.
O atual papa (João Paulo II) disse a Dom Helder:
– A função de viajar pelo mundo e apresentar o cristianismo é função de Pedro, e não a função de um apóstolo como Dom Helder, e que ele soubesse encontrar seu lugar. Eu acho que isso, ele obedeceu, mas com muito sofrimento. Porque o profeta é o homem da palavra, do gesto.
Ele se apagou como uma vela emulada no altar da igreja. Obediente, mas ao mesmo tempo sabendo que o papa também tem uma missão profética e de certa maneira cumpre a sua missão.
Mas Dom Helder teria cumprido de uma maneira muito mais profunda, porque ele vem do mundo do sofrimento, da paixão dolorosa, tiraram o ar de Dom Helder.
Definitivamente ele foi se apagando lentamente. Acho que foi algo que ensombreceu os últimos dias da vida dele.
Uma semana antes dele falecer me encontrei com ele. E ele me disse:
– Frei Boff nós sempre fomos amigos.”
Dom Helder Camara: em busca da profecia. Produção Cor Filmes. Direção Erika Bauer. 55’. 27.09.2002.