Poema da Missa: Foram os Primeiros Chamados ao Juízo Universal – 2.6.24
Todos, absolutamente todos,
queriam ver
o Réu julgar seus juízes.
Pilatos, pusilânime sempre,
parou a meio caminho,
sem coragem de descer, nem de subir.
O impudente Herodes
perdeu a fala, de horror.
A multidão o queria vestido de branco
como ele vestira o Mestre.
O desgraçado tremia diante do povo
sem lembrar sequer
o arrogante Senhor da Galileia.
Os Sumos Sacerdotes
revestidos de suas insígnias
sentiam os paramentos sagrados
lhes pesarem nos ombros
como terrível maldição.
A turba silenciou:
dentro da história humana
era culminante aquela hora.
Os castigos mais estranhos
se imaginavam
para os responsáveis
pelo Drama Central do mundo.
O Juiz se ergueu
e de pé disse ao Pai:
“Senhor,
o mistério
em que estiveram envolvidos
era grande demais
para o olhar humano
Como podiam crer
que estivessem julgando
o Juiz Eterno
e matando o próprio Deus!?…
E sem a condenação iníqua
que seria da Redenção?”…
Assim falando
o Juiz puríssimo
tomou em seus braços divinos
os réus-juízes,
enquanto a humanidade inteira soluçava
da mais pura emoção.
Rio, 23.11.1950
Dom Helder Camara
Meditações do Padre José, p. 933