Causos do Dom: O paramento de Paulo VI
Prof. Martinho Condini
Na Catedral, no Alto da Sé em Olinda, quem cuida até hoje com zelo e carinho, como se fosse sua própria casa, é seo Gilvan que já participou do enterro de quatro bispos. O último, Dom Helder Camara. Quando voltou de Roma, após participar da última sessão do Concílio Vaticano II, o arcebispo confiou a seo Gilvan um paramento que havia recebido de presente do papa Paulo VI.
– Quando eu morrer gostaria de ser de ser sepultado com esta roupa. Vou confiar este presente em suas mãos.
As vestes litúrgicas ficaram guardadas por longos anos na sacristia da Catedral. Tão logo soube da morte do arcebispo. Seo Gilvan foi chamado para vesti-lo. “Ele foi enterrado simplesmente como viveu. Somente a batina, uma sandália de couro e o paramento que havia recebido do papa”, recordou seo Gilvan.
Seu túmulo era, cuidado zelosamente por seo Gilvan, e visitado diariamente por fiéis, admiradores e turistas. Todos que visitam o túmulo de Dom Helder querem prestar uma homenagem ao homem que foi símbolo da paz e da defesa dos oprimidos.
Seo Gilvan continua cultivando sua amizade, gratidão e carinho para com o “Dom”, como seus amigos mais chegados gostavam de chamá-lo. Todos os dias, em quanto seu Gilvan trabalhou na administração da catedral da Sé, ao meio aos seus afazeres na administração da Sé, rezava religiosamente um terço à beira do túmulo de Dom Helder. E, emocionado, confessava:
“Guardo tristeza e saudade. Ele foi um pai para mim”.
FILHO, Félix. Além das Ideias: histórias de vida de Dom Helder Camara. 1ª reimpressão. Recife. Cepe. 2016. p.100-101