Com a Palavra: Dom Helder! Um Olhar Sobre a Cidade: Carnaval

Com a Palavra: Dom Helder! Um Olhar Sobre a Cidade: Carnaval

Segunda-feira, 6.2.1978

Meus queridos amigos

Que me perdoem irmãos católicos para quem o Carnaval seja sinônimo de pecado e de maldição. Carnaval. Sei que há abusos no Carnaval.

Mas onde é que não pode haver abuso? Acho um erro criar nas crianças e nos jovens a impressão de que alegria é pecado, ou, pelo menos, de que festa é um perigo, pelo menos festa com dança, da qual é quase impossível sair sem pecar.

Nosso Senhor foi a uma festa de casamento em Canaã. Foi com os apóstolos. Lá encontrou Maria, sua Mae e nossa Mae. Que era festa era! Pelo menos, uma certeza podemos ter: havia bebida. É um encanto ver Nossa Senhora lembrar a Cristo que o vinho estava acabando.

Era uma sugestão para que Ele, com seu poder, evitasse o vexame da família quando não houvesse mais bebidas para os convidados.

Acho uma delícia que o primeiro milagre de Cristo, feito a pedido de Nossa Senhora, tenha sido, não para fazer o vinho sumir, mudando vinho em água, mas mudando água em vinho. Cristo deixou claro, para sempre, que é possível ir a festas, alegrar-se, até beber (desde, naturalmente, que não se chegue a perder a cabeça), sem pecar.

Conheço pessoas numerosas que brincam o Carnaval inteiro, até a manhã da quarta-feira, sem maldade, sem malícia e sem pecado.

Nada como respeitar as preferencias de cada um. Quer aproveitar os dias de Carnaval e recolher-se, meditar e rezar? Ótimo. Cuidado apenas para não ficar julgando e condenando quem preferiu brincar o Carnaval. Não somos juízes. E não podemos julgar ninguém.

Quer aproveitar os dias de Carnaval e cair na brincadeira? Ótimo, desde que esteja alerta para não perder a cabeça e exceder-se e derrapar! Quando ouvir cantar: “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é Carnaval”, não guarde a ideia errada de que nos três dias

da folia do Carnaval tudo é permitido, vale tudo…

Seja você, no Carnaval ou fora do Carnaval, brincando na rua ou em clube, ou fazendo retiro. Você não precisa de fiscais ou de amas-secas.

Sabe de sobra o que pode e o que não pode ser feito. E isto não por imposição dos outros, por exigência de fora. Lucidamente.

Questão de convecção, de visão de vida, de amor…

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