Memória em Palavras: Conhecendo a Comunidade Deus e Nossa Senhora

Memória em Palavras: Conhecendo a Comunidade Deus e Nossa Senhora

Por Fábio Leonardo

A história da Comunidade Deus e Nossa Senhora (CDNS) é marcada por um trajeto cheio de desa?os, esforços e crescimento, que se iniciou em 1975, quando um grupo de irmãs se dirigiu à periferia do Recife, apoiadas por Dom Helder. Simultaneamente, dois missionários Oblatos, Pe. Lourenço e Pe. Edward OMI, iniciaram um trabalho com os pobres da rua.

Em 1978, as irmãs decidiram envolver-se ainda mais com a vida dos moradores de rua e encontraram os padres, estabelecendo uma comunidade em Itapissuma-PE com a missão de regularizar as terras invadidas da Diocese para que os moradores recebessem títulos de posse. No entanto, foram expulsas pelas Pastorais locais. Nesse momento, Dom Helder visitou o grupo e orientou as irmãs a procurarem outro lugar que ele compraria.

Em 1980, Irmã Carla e Irmã Terezinha encontraram uma granja em Abreu e Lima-PE, onde fundaram a Comunidade Deus e Nossa Senhora, juntamente com os Padres Edward e Lourenço OMI e cerca de 40 pessoas, entre homens, mulheres e crianças. A granja, situada entre a zona rural e o bairro do Planalto, tornou-se um ponto de foco para os trabalhos especí?cos da CDNS. Já estabelecidos, passaram a atender à própria comunidade, com especial atenção às crianças, e construíram uma escola comunitária e creche para o bairro, com o auxílio de moradores orientados pelas irmãs.

Com o passar dos anos, a CDNS cresceu e estendeu suas atividades para além da granja, tornando-se uma família presente no bairro. Surgiram a Associação dos Moradores do Planalto, o Grupo de Mães, o?cinas pro?ssionalizantes e a formação de uma cooperativa. Além disso, fundaram o Centro de Medicina Preventiva, promoveram formação religiosa, construíram uma capela e envolveram-se em atividades de evangelização nas casas.

Em 1999, estabeleceram o Centro de Reabilitação e Educação Infantil Anjo da Guarda, visando atender crianças portadoras de de?ciência. No início do século XXI, a ação missionária da comunidade expandiu-se para Jussaral, Carpina, e iniciaram um trabalho de catequese no Loteamento Conceição.

A partir de 2007, a CDNS começou a questionar sua missão para além da família e procurou entender sua identidade como um núcleo familiar que se expandia, agregando novas famílias e pessoas em busca da construção da fraternidade universal. Esse período foi marcado pela ausência de Dom Helder, mas seu ensinamento sobre sermos todos irmãos continuou a inspirar suas ações.

Em 2012, a CDNS buscava uma nova identidade e compreendeu que sua missão ia além de ser apenas uma família comprometida consigo mesma. Suas atividades evoluíram com a abertura do Centro de Formação Pro?ssional em diferentes áreas, como Gastronomia, Costura e Projetos de Algas, em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco, que estuda o uso de algas marinhas como produção de substrato.

A partir de 2016, a CDNS estendeu suas ações com a Casa de Marta e Maria, que acolhe jovens ex-dependentes químicos, pessoas da rua necessitadas de cuidados especiais e grupos para orações e trabalho. Além disso, passou a atuar nas áreas de agricultura de subsistência, com galinha de capoeira, peixes e agricultura orgânica.

O carisma da CDNS é enraizado na oração e evangelização. Desde sua fundação, a comunidade sempre se dedicou a essa missão, e mesmo com novos gestores, essa essência continua presente.

Assim, a história da Comunidade Deus e Nossa Senhora é um exemplo de dedicação, superação e crescimento, mostrando como uma pequena iniciativa pode se transformar em uma família fraterna, abraçando o próximo e buscando a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

No dia 26 de agosto, ocorreu o evento “Somos Todos Irmãos”, uma comovente homenagem a Dom Helder Camara, em memória de seu falecimento no dia 27 de agosto de 1999. O evento reuniu uma multidão de pessoas de diferentes origens e crenças, refletindo a mensagem de unidade e fraternidade que Dom Helder sempre defendeu.

As atividades do dia foram diversificadas e carregadas de significado. O ponto central foi uma emocionante Santa Missa, celebrada em memória de Dom Helder, onde a sua dedicação à justiça social e aos menos favorecidos foi destacada em palavras e preces.

Além disso, o evento contou com inspiradoras apresentações culturais que abordaram temas de igualdade, solidariedade e paz, transmitindo a mensagem de Dom Helder de maneira criativa e artística. Uma das atrações mais notáveis foi a grafitagem, onde artistas locais expressaram visualmente a visão de um mundo mais inclusivo e humano, em linha com a filosofia do homenageado.

Uma das partes mais memoráveis do evento foi o almoço coletivo, que reuniu todos os presentes em um ato de compartilhamento e comunhão. Esse gesto simbólico reforçou a ideia de que, independentemente de nossa origem ou status, somos todos irmãos e irmãs, ligados por laços de humanidade.

O evento “Somos Todos Irmãos” não apenas honrou a memória de Dom Helder Camara, mas também incentivou a reflexão sobre os valores e ideais que ele personificou ao longo de sua vida. Em um mundo muitas vezes dividido, momentos como esse nos lembram da importância de nos unirmos em prol de um futuro mais justo e harmonioso.

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