Causos do Dom: O Meu Anjo
Prof. Martinho Condini
Para os que não acreditavam na força do anjo da guarda de Dom Helder, ele costumava relembrar uma história que se passou durante a peregrinação a Roma, no ano Santo de 1950, enquanto esperava a sua vez para celebrar uma missa.
Como naquela época não existia a prática da concelebração eucarística, cada sacerdote devia rezar a sua própria missa. Ele entrou na igreja e se postou na fila, aguardando a sua vez. Havia nessa igreja um frade franciscano que, missa após missa, acolitava os seus colegas. Como imaginava que não houvesse mais nenhum sacerdote na fila, se preparou para ir embora quando viu Helder à espera. Como estava desde cedo naquela função, não gostou que ainda precisasse ficar para mais uma missa. Estava cansado, passava do meio-dia e tinha outros afazeres.
Percebendo que o frade não estava disposto a ajuda-lo na celebração da missa, o padre Helder foi logo se desculpando:
– Nosso Senhor bem sabe da vontade que eu tinha de rezar essa missa hoje, mas por certo me permitirá que eu o faça amanhã.
O frade, mesmo descontente com a situação, começou a preparar o altar para a missa.
– Não se inquiete, meu bom irmão. Tenho comigo o meu anjo da guarda, e ele me auxiliará na missa, disse despedindo o franciscano.
O frade não acreditou e desdenhando repetiu, com sorriso nos lábios:
“Seu anjo? Seu anjo”.
Neste momento, conforme relato do próprio Helder, ocorreu algo maravilhoso. “Pareceu-me ocorrer algum fenômeno elétrico…a igreja se viu tomada por uma intensa luminosidade e o padre franciscano tombou de joelhos, tremendo e chorando o tempo todo”.
FILHO, Félix. Além das Ideias: histórias de vida de Dom Helder Camara. 1ª reimpressão. Recife. Cepe. 2016. p.35