Memória em Palavras: Carta de Maria José de Oliveira Dias Ciasca

A partir de hoie, vamos publicar algumas cartas escritas por alunos do curso Dom Helder Camara , Cidadão do Mundo, ministrado pelo Prpf. Martinho Condini, ministrado entre novembro e dezembro de 2023.

“Querido Dom Helder

Permita-me chamá-lo assim, apesar de não termos nos conhecido, o que lamento imensamente.

Sabia de sua trajetória ou achava que sabia de forma parcial, mas com o curso ministrado por Martinho, percebi que sabia muito pouco, tanto de sua vida quanto de sua magnifica obra.

Quanta presteza no ajudar, no ouvir (algo tão difícil), no ato corajoso de se colocar no lugar do outro efetivamente (atualmente fala-se muito em agir com empatia, mas ela desaparece quando essa mudança desencadeia perdas).

Mergulhar em sua história foi verificar que, mesmo em um período tão cruel para o Brasil, havia ternura aliada à coragem que abraçava os necessitados, dando subsídios para seguirem na luta.  Suas falas até hoje provocam pensamentos necessários, fazem agir.

O seu legado ficou e se propaga pelas pessoas que o entendem e que multiplicam sua história e sua obra, mas é triste perceber que falta muito, falta tanto para realizar seus sonhos cinquentenários!

Retrocedemos, vivemos um Brasil de preconceitos e falta de amor no qual um grupo se alimenta justamente do ódio e do autoritarismo. Pretos, indígenas (povos originários) sofrem todo tipo de marginalização e quem os defende, como ocorreu consigo, é taxado de comunista (mostrando o desconhecimento do termo).  Agora, mentiras são propagadas para as famílias que acreditam em todo tipo de bobagem como, por exemplo,  que tomar uma vacina levaria alguém a “virar” jacaré,  sim um jacaré…  Não vou dar mais exemplos porque o senhor não acreditaria.

Foi interessante ver falas suas que se adequariam ao Brasil atual e não sei se me encantei mais com seu carinho extremo, que imagino fosse de um sorriso enorme e um abraço forte quando uma pessoa lhe procurava sem esquecer o ouvinte atento, ou se me encantei por sua coragem, sua força em lutas que abraçou sem pensar nas consequências. Admiro seu “dom”(DOM) de usar as palavras porque  elas  nos dão a intensidade de sua luta sem perder a doçura e a simplicidade.

A partir de ontem, ao ouvir sua carta a Maria vi meu primeiro nome com melhor aceitação.

Muito obrigada, Dom Helder, pela receita de amor baseada no tripé de luta, solidariedade e igualdade.

Com ternura, Maria José.

Obrigada professor e amigo Martinho Condini por me proporcionar este encontro, obrigada companheiros e companheiras.”

Maria José de Oliveira Dias Ciasca

Aluna do Curso: Dom Helder Camara: Um Nordestino Cidadão do Mundo