Memória em Palavras: Operação Esperança
Depoimento de Jane Menezes Blackburn – parte da equipe da Operação Esperança nos anos de 1973 e 1974.
Dom Hélder organizou a Operação Esperança em 1965 após muitas famílias ficarem desabrigadas na área urbana do grande Recife. Com apoio da SUDENE, da iniciativa privada, instituições públicas, prefeituras e estudantes universitários, foram recuperadas mais de 6 mil casas e iniciado um movimento de apoio as associações de moradores e reativação das que haviam parado as atividades por conta do golpe militar de 1964, com uma metodologia participativa que fortalecia a consciência sobre suas comunidades e o protagonismo das lideranças para o seu desenvolvimento.
Dom Hélder apresentou o plano da Operação Esperança na Câmara de Vereadores de Recife em junho de 1965 e o DOPS percebeu como seria bem organizada.
Era proibido a participação de políticos nas Associações de moradores e muitas delas tiveram o apoio das Igrejas nos bairros onde se organizavam.
A partir de assembleias, eram decididas e desenvolvidas atividades de reivindicações através principalmente de abaixo-assinados, cursos profissionalizantes, atividades culturais e educativas.
Dom Hélder também promovia a formação da equipe que trabalhava na Operação Esperança através de encontros, conversas com pessoas que ele convidava com experiência nesse tipo de trabalho, estudos/leituras.
Era uma experiência muito rica, apesar da pressão que experimentávamos com a presença constante de pessoas na frente do palácio dos Manguinhos onde nos reuníamos, no restaurante onde costumávamos almoçar um prato comercial, e em qualquer lugar que fossemos, para observar, ouvir e informar. Muitas pessoas da equipe e pessoas ligadas ao nosso trabalho foram presas e torturadas nesse período.
Eu tinha me formado em Psicologia e trabalhava em uma Clínica de Reabilitação, dava aulas de psicologia no curso pedagógico e tinha um consultório. Uma amiga que trabalhava na OE me chamou para desenvolver algumas atividades, como fazer roda de conversa com professores/as e com adolescentes na área onde ela trabalhava e fui me envolvendo nesse trabalho, e quando Dom Hélder me convidou para fazer parte da equipe, deixei as escolas e o consultório para poder ter o tempo necessário para participar.
Alguns trabalhos de produção de material eram desenvolvidos em pequenos grupos, como a elaboração de uma cartilha para ajudar as lideranças comunitárias a compreender o projeto econômico do governo, e outras atividades.
Equipe: (quem eu consegui lembrar)
Alexandre,
Custódio Feitosa Amorim,
David Richard Blackburn,
Dida (Serviços Gerais)
Herlinda,
Jane Menezes Blackburn (naquela época, Jane Menezes Samico)
Loreniza,
Tereza Duere,
Todd,
Vieira,
Zezita,
Nos reuníamos semanalmente, em geral com a presença de Dom Hélder e compartilhávamos o desenvolvimento do trabalho nas comunidades.
Áreas: (as que eu lembro)
Engenho Ipiranga – Cabo
Engenho Taquari
Alto do Mandú / Casa Amarela
Alto da Brasileira – Casa Amarela
Alto José Bonifácio – Casa Amarela
Chão de Estrelas
Coelhos
Mustardinha
Ponte dos Carvalhos
Sítio das Palmeiras – Engenho do Meio
Vila Esperança – Guararapes