Causos do Dom: O anjo José
Prof. Martinho Condini
Apesar do nome de batismo, Helder, sua mãe, dona Adelaide, desde cedo o chamava de José. E mais precisamente de padre José. De alguma forma o nome José lhe acompanhou durante toda a sua vida. E esteve sempre presente nas poesias que escreveu em suas vigílias nas madrugadas no Rio de Janeiro e em Recife. Foram mais de sete mil, publicadas como Meditações de Padre José.
Como homenagem a sua mãe, estendeu o nome José ao seu anjo da guarda. “Dei-lhe o nome pelo qual minha mãe me chamava quando estava contente comigo. Ela então dizia: coragem, José! ”, conforme contou ao amigo e jornalista Roger Bourgeon, numa de suas entrevistas.
Ele sempre acreditou em anjos, principalmente no seu inseparável amigo José que lhe acompanhou nos momentos alegres, e principalmente, nos difíceis; nos dias e noites de muita perseguições e sofrimentos. Ele tinha argumentos incontestáveis para defender a existência dos anjos, e claro, do seu amigo José: “Vejo em torno de mim, na criação, os minerais, os vegetais, os animais, os homens. E, entre o homem e Deus, parece-me haver bastante lugar para a existência de criaturas que, sendo nossos irmãos e irmãs pelo espírito, não tem o peso do nosso corpo”.
Estava convencido que “por meio dos anjos Deus ajudava os homens”. Por isso não cansava de dizer que já imaginava, desde já, como seria a alegria quando encontrasse “seu irmão José na Casa do Senhor e ele lhe dissesse seu verdadeiro nome”. É bom lembrar que foi Dom Helder quem batizou seu anjo de José.
E era justamente ao anjo José que recorria nos momentos mais difíceis da vida. E José não falhava. Nunca! “Nem uma só vez”, conforme afirmava sempre. Ter o anjo ao seu lado lhe dava força, o entusiasmava, o ajudava a vencer os grandes perigos e incompreensões, as perseguições que sofreu. E quando mais sofria, recorria à sua oração preferida:
“José, José! Sei que estás sempre a meu lado para me ajudar. Ajuda-me, então. Ajuda-me acima de tudo a servir a meu semelhante”.
FILHO, Félix. Além das Ideias: histórias de vida de Dom Helder Camara. 1ª reimpressão. Recife. Cepe. 2016. p. 34 – 35