Atualidade: Um Olhar Sobre o Recife
O nome nos é familiar, nos remete aos programas de rádio que Dom Helder Camara apresentou de segunda a sexta-feira, na Rádio Olinda, durante nove anos: Um Olhar Sobre a Cidade.
Todas às manhãs, pontualmente às “cinco para às sete”, como ele finaliza todos os dias, ele estava lá, microfone ligado, texto na mão, para enviar pelas ondas do rádio, a sua mensagem para aquele dia.
Eram crônicas sobretudo, árvores, crianças, violência, fome, pobreza, Nossa Senhora, o Papa, festas de São João, temas atuais ou passados, ou temas futuros. Alguns abordados de maneira mais dura, outros que eram pura poesia.
Dom Helder falava de carnaval, de Francisco Buarque de Holanda e do seu amor pela Igreja e pelo sacerdócio. Falava de fé, ecumenismo, Vaticano II e, acima de tudo, por seu amor infinito pelos irmãos e irmãs despossuídos, que não viviam, sobreviviam, apesar de toda a dureza que a vida lhes apresentava.
Hoje o olhar se volta para uma cidade com nome, o Recife. Recife que o acolheu em 1964, que o adotou como seu filho e que, por fim, se tornou a sua última morada, em 27 de agosto de 1999.
Um Olhar Sobre o Recife é um projeto de Sensibilização Turística da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife . Consiste em levar à sociedade uma nova oportunidade de lazer, agregada a oportunidade de obter um novo olhar sobre a cidade.
Os objetivos são: Elevar o sentimento de pertencimento da sociedade e autoestima, promover novas ideias e posturas sociais de valorização das tradições socioculturais e da vocação turística do Recife.
Destaca-se também a importância da atividade turística no Recife como fator de sustentabilidade econômica, defesa e preservação do patrimônio histórico e cultural.
São quatro modalidades: a Pé, de Ônibus, no Rio e Pedalando. Para participar é só entrar no site (http://www.olharecife.com.br/projeto.php), escolher a modalidade e o passeio que quer e se inscrever. O ingresso? Um quilo de alimento não perecível.
Ao todo, o passeio de ônibus conta com 159 Circuitos. E, no último sábado, 23 de setembro, o circuito realizado foi o Dom Helder Camara, com um passeio pelos principais locais onde viveu e atuou o arcebispo de Olinda e Recife de 1964 a 1985.
Um dos locais de passagem foi a rua do Giriquiti, onde funcionava a Cúria Metropolitana e o ITER (Instituto de Teologia do Recife) , nos tempos do arcebispado de Dom Helder. Hoje, no local, funciona o Shopping Boa Vista , mas a fachada foi preservada e pode ser vista.
Outro local de passagem foi o Palácio dos Manguinhos, onde Dom Helder residiu por 4 anos e de onde saiu para morar atrás do altar da igrejinha das Fronteiras. No Palácio dos Manguinhos funciona, atualmente, a Cúria Metropolitana, onde despacha o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson.
A visita também se estendeu à Sé de Olinda onde se encontra o túmulo de Dom Helder Camara, ladeado por dois de seus grandes amigos: Dom José Lamartine e Pe. Antonio Henrique.
A casinha onde Dom Helder residiu por 31 anos, improvisada atrás do altar mor da igreja, foi transformada em Museu e faz parte do Instituto Brasileiro de Museus, o IBRAM.
A Casa-Museu, a igreja das Fronteiras, o Espaço Dom José Lamartine e a Exposição Permanente, compõe o conjunto Memorial Dom Helder Camara. E foi com muita alegria que o IDHeC, nomeado pelo próprio Dom Helder com o responsável pela preservação e administração de seu legado, recebeu, de braços e coração abertos os 38 participantes do Circuito Dom Helder Camara.
Divididos em dois grupos, os visitantes visitaram os quatro espaços do Memorial, guiados pelos diretores Edelomar e Beth Barbosa, Normândia Medeiros e Virgínia Pimentel e pela presidente do Conselho Curador do IDHeC, irmã Vanda Araujo.
O grupo foi conduzido pelos historiadores Pedro Freitas e Pedro Lisboa. Era visível o entusiasmo das pessoas, a alegria de estarem ali e, acima de tudo, a surpresa por nunca terem estado no Memorial.
Ao final, Pedro Freitas agradeceu ao IDHeC ter aberto às portas para receber os participantes do projeto e, em seguida a diretora-excetuiva do IDHeC, Virgínia Pimentel agradeceu a presença de todos e todas e à Prefeitura da CIdae do Recife pela iniciativa, deixando as portas abertas para que quem quiser retorne, traga outras pessoas, divulgue e que venham sempre mais visitantes.
Pedro Freitas e Irmã Vanda convidaram os presentes para uma oração e juntos rezaram o Pai Nosso e a AVe Maria. Um encerramento que, por certo, alegraria o coração de Dom Helder.
Na maioria dos visitantes , uma promessa: voltar outras vezes.
Preservar o passado é garantir a sobrevivência do futuro. Esperamos que muitas outras visitas do Circuito Dom Helder Camara aconteçam e que mais e mais pessoas possam conhecer de perto a vida e o legado de Dom Helder Camara, um defensor incansável da justiça em toda a sua plenitude.
Espaço Dom José Lamartine
Visita à Capela Imperial de Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras da Estância de Henrique Dias
Casa-Museu
Exposição Permanente