Uma Ordenação, Três Homenagens e Duas Assembleias
Hoje, 15 de agosto, lembramos, com a alegria, os 91 anos da ordenação de Dom Helder Camara. O jovem seminarista precisou de uma autorização especial do Vaticano para sua ordenação, por estar abaixo da idade mínima permitida para se tornar padre.
Era o começo de uma caminhada de um verdadeiro pastor, que, seguindo os passos de seu grande Mestre, Jesus Cristo e, sob as bênçãos de sua querida Mariama, foi um incansável defensor da vida, tendo a justiça, em toda a sua plenitude, como bandeira em sua caminhada.
Em uma entrevista ao programa de TV Memória Viva, do Rio Grande do Norte, na década de 1970, Dom Helder conta o que seu pai lhe falou sobre ser padre:
“Um belo dia ele me chama e diz: ‘meu filho desde que eu me lembro, você diz sempre que quer ser padre. Está crescendo e continua dizendo que quer ser padre. Você sabe o que é ser padre meu filho?’ E a aquele homem, que embora sendo um homem de bem, não era um praticante, me apresentou um retrato de padre, uma figura de padre que eu achei maravilhosa. E ele disse: “Guarde para toda sua vida, padre e egoísmo não podem andar juntos. É uma aberração um padre egoísta.
Porque o padre não existe no vácuo. Só existe padre para a glória de Deus, servindo aos homens”. E ele continuou por aí afora.
E ele levou ao pé da letra o conselho do pai, exercendo o sacerdócio e forma altruísta, sempre pensando no próximo, cuidando dos menos favorecidos.
E, ao fazermos a memória da defesa de Dom Helder dos excluídos da vida, não podíamos deixar de fazer a memória dos 25 anos da partida de Betinho, no último dia 09.
O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho foi o criador da Ação da Cidadania Contra a Miséria, a Fome e Pela Vida.
Vale registrar que, o lançamento do Movimento da Ação em Pernambuco, aconteceu no Recife, no prédio da então Ação Católica Operária, na Rua Gervásio Pires, convocada por Dom Helder Camara, em Abril de 1993.
Betinho ressaltou, na época, que não poderia lançar uma campanha contra a fome no Recife, sem pedir licença ao visionário que criara, anos antes, a campanha Ano 2.000 Sem Miséria.
Nosso querido amigo Luiz Tenderini representou Dom Helder na Coordenação Estadual da Ação da Cidadania ao lado de Anselmo Monteiro, associado do IDHeC. Naquela época ele representou o então Comitê da Ação da Cidadania da CBTU.
Em 1994 Tenderini e Anselmo levaram até uma fábrica de massas na Paraíba 814 toneladas de trigo que estavam paradas no Porto do Recife, para serem transformadas em macarrão, que ajudou a alimentar muita gente no final do ao.
Luiz Tenderini esteve na Coordenação Estadual da Ação da Cidadania, ao lado de Anselmo, até ser convocado por Dom Helder para criar no Recife a ONG Trapeiros de Emaús.
E, pegando esse mote, aproveitamos para fazer a nossa segunda homenagem de hoje a essa ONG que exerce um papel fundamental na inclusão social em nossa cidade. Amanhã, 16 de agosto, a Associação Trapeiros de Emaús estará completando 26 anos de sua fundação.
O Movimento Emaús surgiu após 2ª Guerra Mundial, em 1949, na França que, ao lado dos demais países europeus, sofria com o Pós-guerra, havendo, entre outros graves problemas, um sério problema habitacional. Os trabalhadores moravam nas ruas, e sofriam com as baixas temperaturas do inverno. Foi em meio desta realidade que um jovem padre decidiu lutar em nome dos mais sofridos. A princípio, este jovem padre conhecido como Abbé Pierre, obteve um cargo político de deputado e com o seu salário mantinha um casarão onde abrigava várias famílias.
Em 1996, estando em Recife para a celebração dos 65 anos de ordenação de Dom Helder Camara. Abbé Pierre fundava, ao lado de Dom Helder e Tenderini, sem fins lucrativos ,TRAPEIROS DE EMAÚS e, a partir de então, mudou, significativamente, a vida de dezenas de pessoas.
A Associação dos Trapeiros de Emaús Recife tem como objetivo principal oferecer às pessoas necessitadas da Região Metropolitana da capital a oportunidade de conseguir sua dignidade através de um trabalho de coleta, recuperação e venda de objetos usados e reciclagem de resíduos sólidos (com a filosofia de servir aos que mais sofrem).
Informações: Associação dos Trapeiros de Emaús Recife
Site: www.emausrecife.org
Blog da Escola: www.escolaemausrecifepe.blogspot.com
Tel.: 55 81 3451 – 2247
Tel & Fax.: 55 81 3451 – 5604
whatsapp.: 55 81 98797 – 5604
E, para encerrar as nossas homenagens de hoje, vamos falar da medalha recebida por uma grande amiga de Dom Helder, Leda Alves.
Na sexta-feira, 12 de agosto, às 15h, Leda Alves recebeu a medalha Olegária Mariano, a mais alta comenda da Casa de José Mariano, a Câmara Municipal do Recife, por proposição dos vereadores Cida Pedrosa e Almir Fernando.
Grande dama do teatro pernambucano, quando falamos em Leda, não conseguimos separar seu nome dos grandes movimentos teatrais de nosso Estado e, muito menos, da cultura popular, sobretudo quando falamos ou vemos uma apresentação do Maracatu de Baque solto, sua grande paixão.
Aos 92 anos, recebeu cada homenagem (e foram muitas) com muito carinho, comentando sobre as pessoas que falavam, relembrando fatos importantes da cultura de Pernambuco.
Amigos que não puderam estar presentes, como Frei Betto e o monge Marcelo Barros , enviaram mensagens, que foram exibidas no telão.
A cada apresentação, a cada fala, Leda parecia rejuvenescer, emocionando-se e saboreando cada minuto daquela tarde.
A vereadora Cida fez uma fala poética, cheia de encanto, como só os poetas sabem escrever.
Outro poeta, Antônio Marinho fez uma fala magistral, repleta de agradecimento e carinho, por tudo que Leda fez, por sua família e pela cultura popular.
Representando o IDHeC, Antonio Carlos Maranhã de Aguiar e sua esposa Clarinda, curtiram cada momento da homenagem, inclusive a maravilhosa apresentação com a qual os Caboclos de Lança presentaram a todos, na saída, no estacionamento da CMR.
E por falar em IDHeC, na última terça-feira, 09 de agosto, foram realizadas duas Assembleias Extraordinárias. A primeira Assembleia, do Conselho Curador, teve como principal objetivo o preenchimento da vaga deixada pelo Conselheiro Luis Tenderine, falecido em 01 de julho do corrente ano. Para o seu lugar foi escolhida, por unanimidade, a associada Cylene Araújo, que cumprirá o restante do mandato, até abril de 2025. Foram apresentados também os nomes de 14 novos associados, todos aprovados pelo Conselho.
A Segunda Assembleia Geral Extraordinária, reuniu 27 associados, entre antigos e novos, que foram apresentados e se apresentaram, em um clima de acolhimento e alegria.
Na pauta das duas Assembleias esteve a situação financeira do IDHeC, que precisa, com urgência, encontrar meios de uma sustentabilidade permanente.
Betinho, Tenderini, Emaús e Leda se entrelaçam em seus caminhos, tendo como ponto comum Dom Helder, cuja ordenação presbiteral foi um presente do Pai, não apenas para ele próprio, como para todos nós, em Recife, no Brasil e no mundo.
Dom Helder deixou um legado incomensurável, não penas com seu exemplo de vida, mas, também um acervo de escritos que chegam a 200 mil páginas, entre meditações, crônicas, discursos, textos, entrevistas e livros.
Para a preservação do Memorial Dom Helder Camara, do Centro de Documentação e manutenção da Casa de Frei Francisco, o IDHeC precisa de colaboradores e parceiros que garantam a continuidade de seu trabalho. Junte- se nós, seja um colaborador e ajude a levar adiante o sonho do nossos querido Dom.
Um comentário sobre “Uma Ordenação e Três Homenagens”
Todas as matérias enriquecidas de conhecimento maravilhoso! O ideário de Dom Helder vive!