Causos do Dom: Nossa Senhora Imaculada e as prostitutas – 11.08.2022
Prof. Martinho Condini
Quando Helder chega do Rio de Janeiro nos primeiros dias de abril de 1964, ele se hospeda “nos Manguinhos” já desde muito acomodado para acolher bispos, com sua Sala do Trono Episcopal, suas salas numerosas, seus tapetes, suas dependências. Helder não perde tempo e, já na semana após a sua posse como arcebispo, ocorrida em 12 de abril, abre a porta da Sala do Trono. Na véspera da Festa da Imaculada Conceição, naquela data, ano de 1964, Helder recebe, na Sala do Trono, uma comissão de mulheres prostitutas que lhe vem pedir apoio em sua luta contra a polícia, que quer interferir na zona. Helder as recebe carinhosamente e no dia seguinte se dirige à Nossa Senhora: Mãe, viste a Comissão de prostitutas que ontem me procurou pedindo proteção? Tão novas, tão ingênuas, tão bonita, minhas pobres e queridas irmãs. Comoveram-se quando mostrei a passagem do Evangelho em que Cristo diz aos fariseus que as prostitutas nos procederão no reino dos céus…Disseram-me – repare que encanto – que a Festa mais querida na zona é a da Imaculada. São irmãs pisadas, feridas, maculadas. Mãe, tu me entendes, seria ou não uma bela comemoração de tua Imaculada Conceição se uma delas se sentasse no Trono?
(Carta Circular 7-8/12/1964,II,II, p, 60)
HOORNAERT, EDUARDO. Helder Camara: quando a vida se faz Dom. São Paulo: Paulus. 2021 p. 200-201-202.