Causos do Dom: O bêbado e a comunhão
Dom Helder sempre foi portador da alegria e sempre esteve presente na alma e no rosto dos verdadeiros operários que lutam pela construção de um mundo melhor. Cada sorriso do Dom era sinal de esperança para aqueles que a sociedade sempre exclui do acesso aso direitos humanos. Ele tinha o costume de celebrar a missa na Igreja das Fronteiras todos os dias, sempre às sete da manhã, apenas acompanhado por algumas freiras do convento ao lado e por alguns frequentadores e moradores de rua, aos quais conhecia quase todos pelo nome. Eram os “amigos do Dom”, com quem conversava, e às vezes em particular, dava comida e alguns trocados.
Em uma dessas celebrações, um desses amigos, que estava bêbado, entrou na fila da comunhão. Uma freira percebeu a embriaguez do fiel e resolveu intervir, questionando o Dom se iria dar comunhão para uma pessoa embriagada. Daí, Dom Helder respondeu que não poderia negar a comunhão ao próprio Cristo, que estava ali à sua frente, no pobre. A irmã insistiu dizendo que por estar bêbado, o homem não tinha consciência do que estava fazendo. O Dom encerrou a polêmica dizendo: “Os Cristos se entendem! ”. E deu a comunhão ao homem com a maior tranquilidade.Está história está registrada no livro Além das ideias, de Felix Filho (Cepe Editora, 2012).
O santo revelado – Fotobiografia Dom Helder Camara/Organização e apresentação Augusto Lins Soares. Recife: Instituto Dom Helder Camara: Cepe, 2019. p. 80