Um Olhar Sobre a Cidade : A matança das crianças

Um Olhar Sobre a Cidade : A matança das crianças

Sexta-feira, 26.12.1975

Meus queridos amigos

Quem já assistiu filmes sobre a vida, paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, há de lembrar-se da cena horrível da crueldade de Herodes, mandando matar crianças com menos de dois anos, no propósito tremendo de eliminar o Filho de Deus, o Rei dos Reis.

A matança de inocentes continua. Claro que não penso nos abortos provocados, embora reconheça que os maiores culpados são os que levam mães desesperadas à decisão absurda e louca de eliminar o fruto de suas próprias entranhas. É uma vergonha que ainda ande alta a mortalidade infantil. Mas, quem faz, em escala mundial, o papel de Herodes é a miséria.

Vergonha maior é começar o benefício de salvar da morte, mas estragar completamente o bem começado, arrancando da morte para condenar a uma subvida. O remédio não é salvar da morte, não é deixar de trabalhar contra a mortalidade infantil. O certo, o seguro, o sério, é além de salvar da morte, assegurar a todas as crianças condições de vida e não de subvida.

E o problema não se reduz a distribuir generosamente alimento, roupa, medicamentos, às mães mergulhadas na miséria. O certo, o seguro, o sério, é criar para todas as famílias condições de oferecer aos seus filhos um nível humano de vida…

Não é preciso ir à Índia para ver as crianças deformadas pela fome. É só ter olhos de ver e olhar em volta para descobrir em crianças deformações que cortam o coração.

Na “Declaração Universal dos Direitos da Criança”1 nada é esquecido. Foram respeitados e atendidos esses direitos e, com isso, cessaria a matança de inocentes — matança e deformações físicas e morais. Há na “Declaração Universal dos Direitos da Criança” princípios deliciosos como este: “Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão.”

Quando os esposos se desentendem, radicalizam e exasperam os motivos de desencontro e de necessidade de separação, pensam em si mesmos. Mas quando há filhos, os inocentes não pesam, não contam. Os adultos se separam e os filhos ficam partidos ao meio. Não estou julgando ninguém. A verdade é que a vida é sempre mais complexa do que se pode imaginar.

No clima de Natal, peçamos à Criança que nos foi dada para sal- var o amor entre os homens e o Pai Celeste, que as crianças do mundo inteiro, longe de serem submetidas a matanças ou condenadas a uma vida mutilada, tenham a realidade do que estabelece no papel a “Declaração Universal dos Direitos da Criança”: desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.

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