Causos do Dom – A Babá
Colaboração do Prof. Martinho Condini
Nesta história uma característica marcante de Dom Helder é demonstrada desde da época em que ainda era padre na cidade do Rio de Janeiro, a sua preocupação com os seres humanos, principalmente os menos favorecidos.
Certa vez a menina (Professora Margarida de Souza Neves) de 5 para 6 anos foi fazer sua primeira confissão com o Padre Helder, antes de fazer a primeira comunhão. Sentada em seu colo, de tranças cumpridas e com o uniforme azul do Colégio Sacré Couer de Jésus, no Rio de Janeiro, ela iniciou sua confissão:
– Eu bati na minha irmã, respondi a meus pais, fiz malcriação para a Naza minha babá (moradora de Nova Iguaçu, jovem, negra e linda).
Padre Helder disse a ela:
– Responder a pai e mãe e brigar com a irmã não tinha a menor importância, que isso não era lá muito bonito, mas acontecia com todo mundo.
– Mas fazer malcriação a Naza era grave, era muito sério. A Naza não tem a mesma vida que você tem a Naza não tem uma casa como você tem, mas ela está aqui porque ela precisa trabalhar, coisa que você não precisa. A menina ficou muito impressionada com a fala do padre.
NEVES, Margarida de Souza. Algumas trilhas de memória, In: MONTENEGRO, Antônio; SOARES Elda e TEDESCO Alcides. Dom Helder: peregrino da utopia: caminhos da educação e da política. Recife: Prefeitura de Recife e EdUFPE, 2002, p. 71
* O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros ‘Dom Helder Camara um modelo de esperança’, ‘Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo’, ‘Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire’ e o DVD ‘ Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro ‘Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza’. Contato profcondini@gmail.com