Pe. Roberto Singelym

Pe. Roberto Singelym

Tinha 86 anos e viveu como pobre entre os pobres: chegou em 69 pra ajudar Dom Helder e nunca mais voltou pra Detroit nos EUA… andava de alpercata e com uma sacola azul de feira, era um venerável presbítero que dava gargalhadas de felicidade com a vida… e fazia todo mundo rir lá em Nova Descoberta, onde evangelizava com fervor nos grupos de Encontro de Irmãos, visitava com gosto os doentes, animava as lutas do Conselho de Moradores, patrocinava a educação da meninada.

Sentei num tamborete da sua sala e falei “Roberto eu quero casar, não vou mais ser padre”: ele enfiou a mão na sacola, pegou o dinheiro que tinha e disse “tome, vá se arrumar pra essa nova vida”… uma vez me pediu pra assessorar reunião de jovens lá na praia e falou “traga sua namorada com o violão, vai ter mais efeito do que sua pregação”… noutro dia me mostrou uns pombos correios atrás de casa e eu perguntei “vai mandar mensagens pra quem?”, ele disse “eu ainda nem sei”… outra vez me pediu pra leva-lo à Noite dos Tambores Silenciosos dos maracatus no meio do carnaval: “essa gente também sabe rezar”, disse contente, sempre com a sacola azul de feira… vamos ter saudades de você, Roberto! Gilbras Aragão.

“Padre Roberto foi pároco por muitos anos em Nova Descoberta e depois que se aposentou, não voltou a morar na sua terra (USA) e viver em conforto. Continuou acompanhando a comunidade empobrecida de Nova Descoberta, morando junto do povo, com muita humildade como um bom pastor. Foi um sacerdote exemplar e muito dedicado. Assumiu com muita coragem a paróquia de Nova Descoberta com dedicação e entrega total às pessoas empobrecidas como um servo seguidor de Cristo . Vestia-se com simplicidade. Arrastava uma sandália de couro e carregava uma sacola plástica e sempre com um sorriso acolhia todas e todos. Apoiava a luta das mulheres e da juventude. Com seu apoio e atenção estava sempre presente na vida e nas lutas do Grupo Mulher Maravilha de forma respeitosa e discreta.
Nasce em nossos corações um profundo sentimento de gratidão por tudo o que fez pela comunidade de Nova Descoberta que hoje se sente órfã.

Que ele seja acolhido por Deus, nossa Mãe amorosa”.

Grupo Mulher Maravilha!

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