Quinta-feira, 13.8.1981

Meus queridos amigos

Agora, durante o Congresso Eucarístico Internacional, dei uma escapada e fui celebrar a Santa Missa na casa em que Sao Vicente de Paulo nasceu e no próprio quarto do nascimento dele… Trouxe cópia de pensamentos de Sao Vicente, que parecem escritos para hoje…

Ele disse as suas queridas filhas, as Irmãs de Caridade de todos os lugares e de todos os tempos:

“Minhas Filhas, saibam que quando vocês deixarem a oração e a Santa Missa para o serviço dos pobres, vocês não perderão nada, pois servir aos pobres é ir a Deus”. De outra vez, ele escreveu:

“Servindo aos pobres, se serve a Jesus Cristo. Oh! Minhas Filhas, como isto é verdade! Vocês servem a Jesus Cristo na pessoa dos pobres.

E isto é tanto verdade como é verdade que estamos aqui. Se uma irmã for dez vezes por dia ver os doentes, ela ali encontrará Deus.

Se vocês forem ver os forçados, presos com correntes de ferro, vocês ali encontrarão Deus. Servindo as criancinhas, vocês encontrarão Deus. Indo a casas pobres (a barracos, a mocambos), vocês ali encontrarão Deus”.

Mas a mensagem escrita pelo próprio Sao Vicente parece recado para muitas criaturas sinceras e cheias de dúvidas. Hoje, é esta mensagem: “se houver entre nós quem pense que veio para a Missão para evangelizar os pobres e não para socorre-los, que veio para cuidar de suas necessidades espirituais e não materiais, respondo que devemos assistir aos pobres ou faze-los assistir de todos os modos — nós mesmos ou através de outros… Fazer isto é evangelizar por palavras e por obras e é o mais perfeito”.

Falou um dos maiores Mestres da Caridade. Falou quem recebeu de Deus como poucos, pouquíssimos, o carisma de descobrir Cristo vivo no irmão que sofre. Falou Sao Vicente de Paulo, a quem Deus deu a graça de descobrir todos os grandes sofrimentos de seu tempo, e imaginação criadora e espírito prático para acudir a todos eles.

Uma das grandes graças que mais agradeço a Deus, em meu nome e em nome dos meus irmãos e de muitas irmãs, é ter uma fé sempre mais profunda no Santíssimo Sacramento (na Santa Missa sempre celebrada pelo próprio Cristo, e na comunhão que nos permite alimentar-nos com o nosso próprio Deus). Mas peço para todos nós a graça de quanto mais mergulharmos no Santíssimo Sacramento, mais o descubramos no pobre, no oprimido, no pisado, no irmão que está precisando de nós.

A Campanha da Fraternidade nos fez cantar em nome de Cristo: “Quando alguém está com fome eu estou com fome nele”. E esta mesma Campanha da Fraternidade nos fez dizer: “Nosso irmão, como a Hóstia, não pode ser profanado”.