Quarta-feira, 25.7.1979
Meus queridos amigos
Sou muito amigo de uma velha árvore, com quem converso longamente.
É verdade que, quase sempre, eu falo muito mais do que ela. Mas quando é preciso esclarecer um engano, dar uma informação necessária, ela não se omite. Tem confiança de falar, sobretudo quando ela e eu estamos a sós com Deus.
Lembro-me do dia em que disse a ela: Tenho vergonha de ver que nós homens passamos a vida inteira transformando oxigênio, que é vida, em gás carbônico, que asfixia. E acrescentei: e minha vergonha aumenta quando penso que as plantas apanham o gás carbônico, inclusive fabricado por nós, e devolvem, em troca, oxigênio.
A velha árvore amiga disse com humildade: “Nem o homem tem culpa de absorver na respiração oxigênio e devolvê-lo gás carbônico, nem as plantas têm merecimento por absorver gás carbônico e devolver oxigênio. O Criador e Pai é que nos fez assim.” Fez-me tanto bem a humildade da árvore! Humildade e compreensão e atitude fraterna.
Partindo das minhas palavras ela poderia dizer: “É. Vocês criaturas humanas me perdoem, mas vocês vivem fazendo coisas erradas.
Isto de aspirar oxigênio e devolver gás carbônico ainda é o menos.
Mas vocês, em lugar de se alimentarem de plantas, que aspiram gás carbônico e devolvem oxigênio, vocês estragam o ar com a fumaceira das fábricas e dos automóveis. E acabam com as florestas, cortam as árvores sem piedade, fazendo mal, sobretudo, a vocês”.
A velha árvore amiga não disse nada disso. Ao contrário, quase insisti na comparação entre árvores e criaturas humanas e ela disse: “E além do mais, não esqueça que de noite as plantas fazem como vocês, criaturas humanas. Soltamos gás carbônico.” Saí pedindo a Deus que aprendêssemos a lição de humildade das plantas!