Para quem lê o evangelho, acompanha os comentários que nos ajudam a trazer para os dias de hoje as palavras de Jesus, sabe que Ele, o mestre do Cristianismo, ouvia, com atenção, o sofrimento do povo e, procurava, sempre que se deparava com esses sofrimentos, amenizá-los.
E aqui cabe salientar que Jesus curava as dores e os sofrimentos físicos, em uma demonstração muito clara de que o Reino de Deus precisa começar a acontecer aqui, no mundo em que vivemos e que não devemos esperar para apenas encontrar esse Reino depois de nossa partida.
Jesus curou cegos, surdos, problemas hemorragias, ressuscitou mortos, matou a fome de milhares, realizando o milagre da partilha. Com essas atitudes Ele demonstrava, de maneira muito clara, que para ser seu discípulo, tem que aprender a partilhar, desde o pão e o peixe, até o ombro, o ouvido e o coração.
E tem que, antes de qualquer coisa, ouvir os clamores do povo.
Foi os que os bispos nordestinos fizeram, em 1973, quando publicaram o documento cujo título era justamente a citação do livro do Êxodos 3,7, e, em plena ditadura militar, exerceram a sua profecia, denunciando o sofrimento do povo. E, entre eles, estavam Dom Helder Camara, Dom José Maria Pires e Dom Antônio Fragoso, profetas do século XX.
E, no dia 26 de julho, mais de 150 bispos, de todas as partes do Brasil, de linhas diversas, publicaram um novo documento profético: A Carta ABERTA AO POVO DE DEUS, onde denunciam todas as dores e sofrimentos pelos quais a população brasileira vem passando, responsabilizando o governo do País por essas mazelas que vêm se abatendo sobre a população, culminando com a pandemia do Coronavírus que já ceifou mais de 80 mil vidas, deixando famílias desfalcadas de seus entes queridos, muitas vezes sem, ao menos, poder dizer adeus.
Dentre os mais de 150 bispos que assinaram a carta, temos a alegria de ter o nosso arcebispo Dom Fernando Saburido e o nosso bispo auxiliar, Dom Limacêdo Antônio.
Várias instituições manifestaram, através de mensagens, notas e cartas, o seu apoio aos bispos que assinaram a Carta e também aos nossos dois pastores da Arquidiocese de Olinda e Recife e, entra os que enviaram carta de apoio temos o IDHeC – Intituto Dom Helder Camara, CENDHeC – Centro Dom Helder Camara, MTC – Movimento dos Trabalhadores Cristãos, CJP – Comissão de Justiça e PAZ da AOR, Grupo Mulher Maravilha e Pastoral da Saúde. Outras cartas ainda estão sendo elaboradas e serão entregues aos bispos da nossa Arquidiocese.
Mensagem de apoio aos mais de 150 bispos que assinaram a Carta Aberta ao Povo de Deus. Assinaram esse Card 15 Instituições, grupos e pastorais.
Prezados Dom Fernando e Dom Limacêdo
\”Eu lhes digo\”, respondeu ele, \”se eles se calarem, as pedras clamarão\”. Lucas 19,40
Ouvindo os gritos de dor e sofrimento de seu povo e, profeticamente, denunciando o seu sofrimento e as suas perdas que, se antes eram de empregos, de condições de sobrevivência, hoje se tornaram também perdas de vidas, os bispos da Igreja Católica no Brasil, fieis ao Evangelho, escrevem em julho de 2020 a Carta ao Povo de Deus repetindo o que fizeram seus antecessores, entre eles Dom Helder Camara, Dom José Maria Pires, Dom Antônio Fragoso, que em 1973, em plena ditadura, publicaram o manifesto denúncia “Ouvi os clamores de meu povo”.
O Instituto Dom Helder Camara, declara aqui todo o seu apoio aos senhores, dizendo que se sente verdadeiramente representado por seus dois pastores.
“Todos juntos, poderemos repetir e fazer ouvir o clamor de nosso povo… Todos juntos, sem violência, dentro do Evangelho, podemos e devemos clamar por um mundo mais justo, como condição de paz”. Dom Helder Camara – 12.12.1974
Fraternalmente,
IDHeC – Instituto Dom Helder Camara