Bartolomeu Figuerôa de Medeiros partiu, silenciosamente, em meio a uma crise de proporções mundial e a um confinamento necessário, como forma de diminuir a velocidade com que um vírus vem se espalhando, mundo afora, ceifando vidas e levando o mundo a entrar em uma verdadeira guerra para combatê-lo.
O coração do frade carmelita, que adotou o nome de Frei Tito, resolveu parar no meio dessa, praticamente, terceira guerra mundial que tem por característica, ter todas as nações de um mesmo lado e, de outro, um inimigo microscópico e poderoso. Era o dia 28 de março do ano de 2020, um ano que, com toda certeza, gostaríamos que passasse rápido e se apagasse de nossa memória.
No dia 31 de maio desse ano completaria 80 anos, de uma vida dedicada à Igreja e à evangelização. Tendo professado seus votos simples, na Ordem do Carmo, em 30 de janeiro de 1958 e se profissão solene no dia 05 de junho do mesmo ano. Ordenou-se sacerdote no dia 05 de julho, em um ano também difícil para os brasileiros e brasileiras, 1964.
Após o assassinato o assassinato do Pe. Antônio Henrique, Dom Helder resolveu criar uma Comissão para estar à frente da Pastoral da Juventude, formada por Marcelo Barros, monge beneditino, Pe. José Ivan Pimenta Teófilo, padre Salesiano, pela Irmã Pompeia, Agostiniana e que depois auxilio Dom Helder nos trabalhos de atendimento às vítimas das grandes cheias do Capibaribe. Da comissão ainda fazia parte Cajá, representando a juventude. Frei Tito assessorava essa comissão, tendo sido muito importante na vida de muitos jovens daquela época.
Frei Tito de Óculos, na parte de trás da foto, participando de um Encontro de Jovens, realizado pela Congregação Salesiana, em Carpina-PE |
Frade carmelita, sacerdote, professor do Departamento de Sociologia da UFPE, doutor em Antropologia, Especialista em patrimônio Histórico e cultural, teve uma atuação que foi além dos muros dos conventos. Levou o evangelho para além dos muros acadêmicos.
Encerramos a nossa homenagem a Frei Tito, compartilhando um texto de Faustino Teixeira:
A MORTE DOS AMIGOS
“Acabo de saber da triste notícia do falecimento de um grande amigo, o antropólogo pernambucano Frei Tito Bartolomeu Figueroa de Medeiros, vítima de infarto, ontem no Recife. Tito foi da minha turma de doutorado no PPGAS, Museu Nacional, onde travamos fecunda amizade.
Na sua estadia no Rio foi colaborador do ISER, do movimento inter-religioso. Pesquisador competente se dedicou aos estudos das religiões e Santos populares, das transformações new age no Catolicismo, foi ativo na demarcação de quilombos em Pernambuco, além de um inovador dentro da Congregação religiosa a que pertencia, os Carmelitas.
Adotou Tito como nome religioso (ele que tinha o nome de Bartolomeu) em homenagem a Frei Tito Brandsma, um Carmelita que faleceu por martírio em campo de concentração nazista na 2ª Guerra Mundial. Com isso demonstrando sua consciência político-social-cristã, que o fez optar pelos mais pobres no exemplo de D. Helder Câmara, que teve sobre ele, quando era padre na Arquidiocese de Olinda e Recife e de Frei Caneca, outro frade Carmelita libertário que o inspirou.
Muitas lembranças de Tito me vêm agora, de tudo que vivemos intensamente nos anos 1990 e que foi se mantendo ao longo dos anos subsequentes. Estou muito comovido”.
Vá em paz Frei Tito, com a certeza de que cumpriu bem a sua missão de cristão aqui na Terra.