O final de semana que antecedeu o Natal poderia ter sido um final de semana como outro qualquer, apenas guardando a expectativa da grande noite da celebração do nascimento do Menino Deus.
Poderia ter sido, mas não foi. Pelo menos para a igreja das Fronteiras e todos e todas que por ali passaram no sábado 21 e no domingo 22, foi um final de semana bem especial.
Nos dois dias, a partir das 18h, foi encenado ou melhor, foi vivido o AUTO DE NATAL DAS FRONTEIRAS – UM NATAL COM DOM HELDER. Ousamos dizer que foi vivido porque o ali foi presenciado foi muito mais que uma encenação, foi a experiencia de participar e não apenas de encenar e assistir.
O Auto das Fronteiras foi uma ideia do jornalista, ator e professor Júnior Aguiar, do grupo de teatro Coletivo Grão Comum, criador da Trilogia Vermelha que conta a vida de Glauber Rocha, Paulo Freire e Dom Helder.
Apaixonado por Dom Helder, por quem a cada aprofundamento nas pesquisas, mais e mais se torna admirador, Júnior Aguiar, vem, há dois anos, participando de vários eventos promovidos pelo IDHeC, sempre interpretando Dom Helder com maestria. Esse ano ele interpretou o discurso de chegada de Dom Helder à Arquidiocese de Olinda e Recife, comemorando os 55 anos da vinda do Dom. No lançamento da Fotobiografia Dom Helder Camara – o Santo Revelado, interpretou alguns trechos da Sinfonia dos Dois Mundos, para citar apenas dois exemplos.
Júnior escreveu o Auto das Fronteiras, dirigiu e interpretou Dom Helder, com muito talento e desenvoltura.
Com artistas profissionais e participações especiais, o Auto contou, além no elenco, além da presença de Júnior Aguiar interpretando Dom Helder, com Asaias Rodrigues, do Coletivo Grão Comum, interpretando um Cristo doce, suave e, ao mesmo tempo, firme em suas palavras.
A atriz Augusta Ferraz interpretou a Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras, a dona da casa que recebeu o Auto com muita alegria. A cantora lírica Yane Cordeira deu ao Auto um presente: a sua voz de anjo, que encantou a todos.
A Sagrada Família foi interpretada por Jeferson Silva, como José, Rebeca Silva, como Maria e o pequeno Guarani Silva, filho do casal, interpretando um Messias alegre e curioso que, fora do roteiro, encantava a todos tocando os instrumentos que seriam tocados depois pelo terapeuta holístico Tacai Daniel Fialho representando os pastores Andinos.
Os três sábios magos foram interpretados pelo Monge Beneditino Marcelo Barros, representando as Igrejas o Cristãs, o Xamã Fulgi-ô Megaron Matos representando a Nação Fulni-ô/Jurema e o aborixá Alexandre L’ómi L’ódò, representando o Culto Nagô/Candomblé.
O texto do Auto, escrito por J. Aguiar, tendo como base os escritos de Dom Helder, teve poema de Fernando Pessoa e as falas dos magos, cada um dando sua mensagem dentro dos ritos das denominações que representavam, com cantos e citações em suas próprias línguas.
O encerramento do auto uniu todos os presentes para cantar a música Bandeira do Divino.
A igreja das Fronteiras ficou pequena, para comportar tanta gente. Mas, definitivamente, esse Auto não poderia ser levado em nenhum outro lugar, que não fosse ali, no meio da igreja das Fronteiras, o local onde Dom Helder escolheu morar e celebrar e onde as celebrações ecumênicas são bem-vindas.
O Auto das Fronteiras foi aplaudido de pé, nos dois dias, por pessoas entusiasmadas e que já perguntavam se haverá no próximo ano.
O Recife estava carecendo de um Auto de Natal assim, leve, com mensagem forte e que leva a uma reflexão mais profunda sobre o verdadeiro sentido do Natal.
No final do espetáculo Jr. Aguiar apresentou todos os participantes e fez um agradecimento ao IDHeC e, em especial a Irmã Vanda, Luciana e Antônio Carlos.
Como disse Dom Helder em um de seus escritos: “Pois foram os pastores, humildes e pobres, que foram acordados pelos anjos para virem ao presépio adorar o Menino-Deus. E eles vieram. Não tinham roupa nova e limpa. Não tinham presente caro para oferecer a Mãe do Menino… E tocaram uma flautinha para alegrar a Grande Noite. Quem se sentir pobre de corpo e de alma, quem se sentir de mãos vazias, sem nada para oferecer, pense nos pastores e peça licença a eles para ir ao presépio na companhia deles”. Dom Helder Camara. 16.01.1980.
Para quem não pôde participar ou assistir ao vivo através da página do IDHeC no Facebook, em breve o vídeo estará à disposição de todos e todas no youtube.
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fotos de Walton Ribeiro
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5 comentários sobre “O AUTO COM DOM HELDER”
Espetáculo indescritível!Divino e maravilhoso.
Foi tudo tão domhelderiano!Encantada com a força e leveza. O talento e a dádiva! Gratidão
São personagens vivos que continiam fazendo história
Quanta sabedoria,quanto amor… Sementes que D.Helder Câmara deixou cair pelo mundo. Temos que molhar para vingar.
Um momento MARAVILHOSO!