O SILÊNCIO DA POESIA

Marieta Borges Lins e Silva era educadora, historiadora, pesquisadora e poeta. Gostava de misturar as letras e escrever poesias, onde colocava seus sentimentos, seus sonhos, suas alegrias e tristezas.
E essa alma de poeta, a partir do ano 2000, todos os anos, em fevereiro, escrevia um poema em homenagem ao querido amigo, também poeta, Dom Helder Camara. Quando de sua partida para a Casa do Pai, Marieta escreveu um cordel, DOM HELDER NO CÉU – A FESTA DA CHEGADA DO SANTO NO PARAÍSO, mostrando a versatilidade de sua poesia e também seu profetismo ao declarar, já em 1999,  Dom Helder santo..
Em fevereiro de 2012 escreveu um poema, que começava assim:
“Foi de luz a tua chegada ao mundo, numa casa já tão cheia de pequeninos…
Escolher-te o nome foi uma inspiração paterna
ou a clarividência inconfessada e corajosa
de inaugurar, em ti, um nome novo,
um nome encontrado ao acaso, num livro,
chamando-te: “Helder”, claridade, dia claro…”
Não podemos esquecer um detalhe muito importante, um outro lado artístico de Marieta que também encantava a todos e todas: a sua bela voz. Era, sem dúvida nenhuma artista, de corpo e alma.
Sempre esteve muito próxima de Dom Helder e do IDHeC, desde os tempos em que ainda era Obras de Frei Francisco.
Daqui para frente o dia 7 de fevereiro não vai ser mais o mesmo. Vai ficar faltando o carinho de Marieta por Dom Helder em forma de poesia.
Como na celebração pelos 110 anos de nascimento do Dom, quando ela escreveu e leu, durante a missa dominical, aquele que seria o último poema em homenagem ao aniversário do amigo:
“Lá do céu, onde você certamente está,
Olhas para nós-tão saudosos de tua presença por aqui – mesmo sabendo-te um valioso intercessor
Por cada um dos filhos que deixaste…
Ah, profeta querido, como sentimos a tua falta…
Em especial, neste 07 de fevereiro, o dia em que chegaste ao mundo, na tua Fortaleza, que não se deu conta, ali,
Que vinhas para torná-la uma terra privilegiada,
Que haveria de abrigar um santo no seu solo fecundo,
Assim aclamado pelo mundo onde vieste viver!”
E no último trecho, Marieta escreveu:
“Vela por nós, profeta amado, os órfãos de tua presença real
E consola o nosso coração saudoso e esperançoso
Do reencontro na Pária Celeste, onde esperamos viver,
Quando formos ao encontro do Pai e de ti”.
Por certo o amigo profeta e poeta a estava esperando, com os braços abertos, na Pátria Celeste, para juntos, escreverem poesias de paz e justiça, intercedendo pelos que aqui ficaram, nessa tão sofrida e carecendo de luz e esperança, pátria grande chamada Brasil.

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