Era uma quarta-feira de agosto. Uma quarta-feira que poderia ter sido como qualquer dia do mês de agosto, de qualquer ano, se não fosse, por um detalhe: o que reservava a sua noite.
Do mesmo jeito poderia ter sido uma quarta-feira qualquer para o palácio dos Manguinhos, que poderia estar fechado, em silêncio. Mas algo estava para ser revelado.
Mas aquela noite tinha um papel a cumprir, tinha que ser especial. Afinal era a noite do lançamento da Fotobiografia Dom Helder Camara – O Santo Revelado, um trabalho primoroso organizado pelo designer e diretor de artes Augusto Lins Soares, produzido pelo IDHeC – Instituto Dom Helder Camara e impresso pela Cepe – Companhia Editora de Pernambuco.
E por que aquela noite de quarta-feira teria que ser diferente? Porque nela aconteceria o III terceiro sarau inspirado nas Noitadas Memoráveis que Dom Helder promovia nos salões do Palácio de São José dos Manguinhos.
Foram meses de sonhos, trabalho duro, muita pesquisa, seleção de mais de 18 mil imagens, coleta de trabalhos de jovens artistas inspirados no Dom, dezenas de reuniões, tomadas de decisões, algumas vezes muito difíceis, escolhas do que farai parte do livro e, finalmente, depois de meses de gestação, o nascimento de uma verdadeira obra de arte.
E uma obra de arte não poderia ser lançada de qualquer forma, de maneira usual. Teria que ser lançada em meio a muita alegria e festa, como o Dom Gostava. Com o apoio da Arquidiocese de Olinda e Recife, que abriu suas portas ao evento, da Cepe que, além de publicar o livro, garantiu a infraestrutura e da Fundarpe, que garantiu a participação dos excelentes artistas que iluminaram a noite com seu talento, a Noitada Memorável aconteceu, cheia de luz, vida e alegria.
Foi uma daquelas noites que sempre acontecem em eventos que celebram a vida de Dom Helder, cheia de encontros e reencontros, de recordações, troca de lembranças e a alegria de estarem todos juntos, unidos em torno do Dom.
Para quem participou da pré-venda ou para quem ia comprar a Fotobiografia na hora, a vida de Dom Helder contada através de imagens, era entregue a pessoas que, só ao verem a capa, não se continham em esperar para ver depois. Abriam o livro e iam acompanhando, página por página, e se encantando a cada virada. Algumas voltavam e adquiriam mais um exemplar, certamente pensando em presentear alguém e partilhar com a pessoa o objeto de sua admiração.
Para animar a noite e conduzir o sarau, o artista e poeta Antônio Marinho encheu o palco improvisado na escadaria do palácio, com suas recitações que encantaram a todos e todas. À vontade, como se estivesse na sala de sua casa, conversando com familiares ou amigos próximos, Marinho conversava com as quinhentas pessoas ali presentes, arrancando gostosas risadas e muitos aplausos. Quem não o conhecia ia logo atrás de perguntar seu nome, de onde era aquele jovem tão cheio de inspiração e energia.
A noite foi aberta pelo anfitrião, Dom Fernando Saburido, que em sua fala disse: “É uma grande alegria celebrar o legado de Dom Helder aqui na Cúria e participar de uma noitada cultural como as que ele gostava de promover”. E, ao final do Sarau, completou: “Em nenhum momento neste sarau se viu tristeza, mas uma alegria contagiante, um entusiasmo pela vida, pela justiça social, um sentimento de gratidão a este homem que encantou o mundo”.
Em seguida foi a vez do diretor-executivo do IDHeC – Instituto Dom Helder Camara, Antônio Carlos Maranhão de Aguiar, fazer um agradecimento a todos e todas que acreditaram e apoiaram o projeto, desde a Cepe que na primeira hora se prontificou a publicar o livro, aos que apostaram e, comprando na pré-venda, garantiram o financiamento da concretização do projeto, ao idealizador e organizador do livro, Augusto Lins Soares, que não mediu esforços para que o livro fosse finalizado de maneira primorosa e a todos e todas que de maneira direta ou indireta colaboraram, como os autores dos textos, do cordel, das obras de arte, fotógrafos e a Fundarpe, que garantiu a participação dos artistas Antônio Marinho, Júnior Aguiar, Daniel Barros e o Grupo de Dança negra Bacnaré.
Após as falas iniciais teve início o sarau propriamente dito com o presbítero das Ceb´s Reginaldo Veloso recitando um poema que escreveu para Dom Helder no ano 2.000: HELDER, “céu claro”, Ou seja, da Religião do Samaritano:
O poeta do Sertão Antônio Marinho deu à noite um brilho especial. Cada vez que ele pegava o microfone, a plateia ficava atenta, como que hipnotizada, ávida por mais uma de suas recitações. Ao longo da noite, ele foi conquistando os presentes, arrancando risadas e até aplausos de pé. Sua presença de espírito sua maneira envolvente de contar histórias e recitar versos, seus e de outros autores, deram à noitada um sabor especial.
Para contar um pouco da versatilidade de Dom Helder e sua relação com as artes, a Noitada foi dividida em duas partes: Missa dos Quilombos e Sinfonia dos Dois Mundos.
Marinho fez uma pequena apresentação do que foi a Missa dos Quilombos e, em seguida foram exibidos quatro vídeos com depoimentos do compositor Fernando Brant, bispos Dom Pedro Casaldáliga e Dom José Maria Pires e de Milton Nascimento, permeados pela belíssima apresentação do Grupo de Dança Negar Bacnaré, que apresentou duas coreografias de Thiago Ferreira para as músicas Estamos Chegando e Rito Penitencial, da Missa dos Quilombos. As duas apresentações foram belíssimas e levou os presentes a imaginarem aquele momento, acontecendo em 1981, nessa mistura de tradições afro e celebração católica.
A primeira parte foi encerrada com uma primorosa e emocionante apresentação de MARIAMA, pelo ator Júnior Aguiar, enquanto tocava, em segundo plano a Marcha Final e, no telão, eram exibidas imagens da Missa dos quilombos e de Dom Helder. O ator Júnior conseguiu representar Dom Helder com tanta perfeição que em alguns momentos, parecia ser a voz do próprio Dom Helder. Enquanto dançava e recitava, Júnior Aguiar colocou na prática, a descrição de como Dom Helder se sentia ao celebrar: “Todo dia, quando celebro a missa e, pela força do Espírito Santo, em lugar de pão e vinho, eu tenho o corpo e o sangue de Cristo em minhas mãos, tenho vontade de sair dançando com a hóstia e o cálice na mão”. Impossível não se emocionar com o momento.
A segunda parte do evento, a Sinfonia dos dois mundos não foi uma apresentação formal da sinfonia, foi a recitação de trechos das seis partes, com a primeira parte sendo tocada em segundo plano. O ator Daniel Barros, declamava com alma e sentimento a parte do recitante, enquanto a Júnior Aguiar coube a parte do coro, que era recitado também pelos presentes.
Para finalizar a noitada memorável Marinho declamou um cordel sobre a vida de Dom Helder, escrito por ele para o Congresso da Muticom e que retrata, com graça e harmonia a vida do grande profeta.
Enquanto o evento ia acontecendo, os jovens e adolescentes da Casa de Frei Francisco, o braço social do IDHeC, ditribuiu com os presentes um Card com um desenho de Dom Helder feito por Francisco Moraes, de 11 anos de idade e que já descobriu Dom Helder e seus ensinamentos. E, em seguido, entregaram origamis da pomba da paz.
Foi uma daquelas noitadas culturais que encantam e entusiasmam a todos os presentes, que, ao final, aplaudiram de pé. Ficou aquele gostinho de quero mais.
Foi uma daquelas noitadas culturais que encantam e entusiasmam a todos os presentes, que, ao final, aplaudiram de pé. Ficou aquele gostinho de quero mais.
IDHeC agradece a todos e todas que apoiaram o projeto da Fotobiografia Dom Helder – o Santo Revelado e convida a quem ainda não adquiriu a obter essa belíssima obra de arte.
A Fotobiografia encontra-se à venda na sede do IDHeC, na rua Henrique Dias, 278, Boa Vista, ao lado da lateral da igreja das Fronteiras, de segunda a sexta-feira das 8h às 12 e de 13h às 17h e aos domingos no horário da missa, de 11h às 12h.
GALERIA DE FOTOS