No dia 15 de agosto, há exatos 88 anos, um jovem seminarista, através de uma concessão especial de Roma, era ordenado padre, apesar de ainda não ter atingido a idade mínima permitida. Provavelmente quem assinou a permissão para sua ordenação, foi inspirado pelo Espírito Santo que queria que o jovem profeta começasse logo a exercer o seu pastoreio.
E foi assim que, aos 22 anos, aquele jovem franzino em estatura, mas grandioso em amor ao próximo, recebeu o sacramento da ordem com muita alegria e assumiu, até os fins de seus dias, a missão que lhe foi confiada: conduzir o povo de Deus na construção do Reino.
Se no dia 07 de fevereiro de 1909 o menino Helder nascia para sua família, no dia 15 de agosto de 1931, nascia o pastor que iria conduzir suas ovelhas como lhe pedia o evangelho, cuidando de cada uma com amor, indo atrás daquela que se perdeu e acolhendo a todas, independentemente de sua cor, raça ou mesmo religião.
Em um depoimento gravado em vídeo Dom Helder diz que “se eu nascesse cem vezes, cem vezes agradeceria a Deus pelo sacerdócio. O sacerdócio permite que a gente acabe não se pertencendo”.
E continua o depoimento falando sobre o seu pai, um homem a quem considerava bom e honesto, um dia o chamou para uma conversa, querendo saber se ele realmente sabia o que é ser padre. Desde muito pequeno, o menino Helder manifestava esse desejo, inclusive brincado de celebrar missas.
E o pai do jovem Helder, que, segundo ele, até então não era um praticante, apresentou a ele um retrato de padre maravilhoso.
E o pai lhe disse “guarde para toda sua vida: padre e egoísmo não podem andar juntos. É uma aberração um padre egoísta. Porque o padre não existe no vácuo. Só existe padre para Deus, servindo ao próximo”.
Dom Helder achou a imagem que o pai descreveu de um padre tão bonita que, no fim, ele disse “meu pai, mas o que eu quero ser, Deus me ajudando, é um padre assim como o senhor mostrou”. E o pai o abençoou.
O conselho do pai acompanhou Dom Helder por toda a sua vida. Jamais ele permitiu que o egoísmo chegasse perto dele. Ao contrário, passou a vida dedicando-se ao próximo, sobretudo aos mais pobres, mais carentes, oprimidos e sofredores.
Que o exemplo de sacerdote que Dom Helder foi, sem as amarras do egoísmo, defendendo a vida plena e abundante para todos e todas, seja o norte que guie, sobretudo os jovens sacerdotes, que se iniciam no pastoreio de almas. Que cada padre entenda, como Dom Helder, que sua missão é levar operários para construírem o Reino de Deus, que começa dentro de cada um de nós, escapa com a justiça e se mistura através do amor.
Há 88 anos, um quase adolescente se ordenava e ganhou o mundo, levando sua mensagem de justiça e paz.
Que sua semeadura tenha caído em terreno sempre fértil e que o seu legado seja sempre, não apenas reverenciado ou admirado, mas, que antes de tudo seja seguido.