“Onde vai dar o egoísmo de ir varrendo os pobres sempre para mais longe? Por que o progresso dos ricos vai sempre ser feito a custa do sofrimento dos pobres? Sonho com o dia em que, onde houver pobres, eles se juntem, se unam, não para fazer mal a ninguém, não para pisar nos direitos de ninguém. Mas para não deixar que os direitos dos pobres sejam pisados”. Dom Helder Camara – Um Olhar Sobre a Cidade – Urbanização desumana – Sexta-feira, 30.6.1978
Não é a toa que Dom Helder Camara é o patrono brasileiro dos Direitos Humanos. Afinal ele dedicou a vida a defender os direitos dos excluídos da sociedade de consumo, dos oprimidos, dos torturados, dos sem vez e sem voz. E o que diria Dom Helder hoje, diante dos direitos que estão sendo tirados, pouco a pouco, atingindo, de maneira direta, os mais pobres?
O que diria Dom Helder diante da agressão aos Direitos Humanos com o progressivo desmonte da Defensoria Pública?
Com certeza diria exatamente o que escreveu em sua crônica “O Bolo não foi dividido”, de 12 de dezembro de 1989: “Política, queridas irmãs e queridos irmãos em Cristo, não é só política partidária. Política é, antes de tudo, preocupação com grandes problemas humanos e com os direitos fundamentais do homem. Cristo veio trazer paz ao mundo. Pode haver paz se as injustiças só fazem crescer? Não vão na onda de quem diz que primeiro é preciso preparar o bolo, para depois dividi-lo… O bolo já está preparado e está sendo comido”.
Sendo a Defensoria Pública da União uma instituição essencial ao acesso à justiça no Brasil, uma vez que garante assistência jurídica integral gratuita em caráter individual e coletivo para toda a população, é com extrema preocupação que o IDHeC – Instituto Dom Helder Camara vê a possibilidade de fechamento de 43 unidades da DPU hoje em funcionamento em municípios do interior do país, em vista da iminente diminuição abrupta da força de trabalho do órgão.
A Defensoria Pública da União é instituição essencial ao acesso à justiça no Brasil, pois garante assistência jurídica integral gratuita em caráter individual e coletivo para toda a população. Com a diminuição dos quadros e fechamento de unidades da DPU, mais uma vez, a população de menor ou nenhuma renda será diretamente atingida e prejudicada na preservação e garantia de seus direitos.
E, ao falarmos em manutenção de direitos, é dever de cada cristão, de cada cristã, lutar na defesa dos direitos os menos favorecidos, se quiser seguir o chamado do próprio Cristo através do evangelho. Pois, como disse Dom Helder: “Opção pelos pobres é aceitar sofrer por eles, pela defesa dos seus direitos. Opção pelos pobres é não admitir a miséria que é insulto ao Criador e Pai”.