Para Que Nunca Se Esqueça! Para Que Nunca Mais Aconteça!

Para Que Nunca Se Esqueça! Para Que Nunca Mais Aconteça!

 
 
 
“O que a muitos parecia fantasia, de repente tornou-se claro para a Cidade inteira. Querem que eu me proteja; que não ande só, a noite; que não durma só. Quem disse que eu ando só? Quem disse que eu durmo só? Andam e dormem comigo o Pai, e o Filho e o Espírito Santo. Velam por mim a Mãe querida e José, o Amigo fiel… Nada acontece ou acontecerá por Acaso. É graça, é privilégio viver a oitava bem aventurança!” Dom Helder Camara – 27/28 de maio de 1969.
 
Existem fatos que acontecem na história de um povo que precisam ser esquecidos por sua lembrança só causar sofrimento e dor. Porém existem fatos que, apesar de sua lembrança causar sofrimento e dor, precisam ser lembrados, contados e recontados, para que permaneça sempre presente na memória, não apenas da história, na memória viva do povo.
 
O assassinato de Pe. Antônio Henrique Pereira Neto é um desses fatos que não pode ser esquecido.
 
E foi para preservar essa dolorosa, mas necessária memória, que a Comissão de Justiça e Paz, a Arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Humanitas e o Fórum de Leigos e Leigas promoveu o tríduo PELO DIREITO À MEMÓRIA: DITADURA NUNCA MAIS! 50 ANOS DO ASSASSINATO DE Pe. HENRIQUE nos dias 24, 26 e 27 de maio.
 
O tríduo foi aberto, no dia 24,  com a mesa redonda MISSÃO, MARTÍRIO E VERDADE, da qual participaram Pe. José Ernanne Pinheiro, Assessor da CNNB, padre  na Arquidiocese de Olinda e Recife à época de  Dom Helder, Roberto Franca – Jurista e Político, que pertenceu ao grupo de jovens apoiados pelo Pe Henrique e Henrique Mariano – Jurista, secretário-geral da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) e relator do caso Pe Henrique, tendo Malu Alessio como facilitadora. O evento aconteceu no auditório Dom Helder Camara – térreo do bloco A – Unicap.

 
 
 
O padre, o companheiro dos jovens e a comprovação de seu assassinato pela ditadura militar foram abordados pelos participantes de maneira clara e comovente e, após a explanação deles, os presentes puderem participar com depoimentos e perguntas.
 
O segundo momento do tríduo foi a celebração Eucarística presidida por Dom Fernando Saburido, no domingo, 26, às 9h da manhã, na Catedral da Sé de Olinda e concelebrada pelo deão da Catedra monsenhor José Albérico Bezerra,  e por monsenhor Luciano Brito.
 
Durante a homilia Dom Fernando falou sobre a grande de quantidade de mártires na América Latina entre os camponeses, índios, mulheres, sindicalistas e operários.
 
 
Citou os irmãos e irmãs agentes de pastoral ou religiosos e religiosas como a irmã Adelaide Molinari, na Amazônia e a irmã Dorothy Stang, no Pará; presbíteros como padre Josimo Tavares, em Tocantinópolis, Ezequiel Ramin, em Rondônia e Antônio Henrique, aqui entre nós. E mesmo bispos como Dom Enrique Angelelli, na Argentina, Dom Juan Gerardi na Guatemala e Dom Oscar Romero, que o papa Francisco canonizou em 2018. E falou:  “Dentre todos estes, talvez o padre Henrique tenha sido o mais jovem e aquele do qual menos se podia afirmar que fazia trabalho de conteúdo diretamente político”.
 
Antes de dar a bênção final os celebrantes se dirigiram à capela onde está o túmulo de Pe. Henrique, ao lado do de Dom Helder e de Dom José Lamartine, que foram abençoados por ele e onde foi feita uma oração.
A luta da mãe de Pe. Henrique foi lembrada por uma de suas filhas a professora Isairas, que, aos 55 anos, após a morte do filho Henrique resolveu cursar Direito com o objeto de poder fazer justiça ao assassinato do filho mais velho.  
 
Na noite do dia 27 a VIGÍLIA EM MEMÓRIA DOS 50 ANOS DO MARTÍRIO DE PE. HENRIQUE fechou o tríduo com maestria. Foi mais uma daquelas noites memoráveis que vêm acontecendo esse ano na igreja das Fronteiras.
 
O evento teve início com os depoimentos de Vera Scheidegger que participava dos grupos de jovens orientados por Pe. Henrique e Marcelo Santa Cruz que falou sobre o documento emitido pela Comissão Estadual de Verdade e Justiça Dom Helder Camara e suas conclusões quanto ao assassinato de Pe. Henrique.
 


 
 
 
 
 
 
O ponto alto da noite foi a apresentação compacta da peça  PRO(Fé)TA: O BISPO DO POVO, que finaliza a Trilogia Vermelha, apresentada pelo Coletivo Grão Comum, onde a primeira peça conta a vida do cineasta Glauber Rocha e a segunda a vida do educador Paulo Freire.
 
 
A apresentação da peça foi tão impactante que uma das pessoas presentes se envolveu tão emocionalmente que correu em socorro de Pe. Henrique, representado pelo ator Júnior Aguiar. Quando algo assim acontece significa que a representação ultrapassou as barreiras da ficção, tornando-se tão realista que envolve a plateia.
 
 
Foi, sem dúvida alguma, um espetáculo comovente e emocionante, que levou a todos e todas presentes a sentirem, com a força da interpretação dos atores, o sofrimento causado ao jovem Padre Henrique.
 
No canto Heloísa puxava músicas como O Profeta, Pesadelo e Dia da Graça, acompanhada, acompanhada por Reginaldo Veloso e Ramos ao violão, entre outros participantes do grupo. 
 
 
Após a apresentação da peça, houve a leitura das Bem Aventuranças e o comentário ficou por conta do monge beneditino Marcelo Barros e que será publicada aqui no blog na próxima terça-feira.
 
 

A noite foi encerrada pelo bispo auxiliar da arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Limacedo, que falou sobre a luta pela justiça. Antes da bênção final dada por ele, mais um belo momento: todos e todas presentes cantado Pai Nosso dos Mártires.

 Que o sofrimento de Pe. Henrique não tenha sido em vão e que tenha ajudado a libertar muitos oprimidos pelo jugo de uma ditadura implacável.

Que acima de tudo o seu martírio seja um alerta para que realmente não esqueçamos de toda dor e sofrimento causados e que seja também um alimento para continuarmos a nossa luta para que nunca mais aconteça.
 
 
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