“Todo dia, quando celebro a missa e, pela força do Espírito Santo, em lugar de pão e vinho, tenho o corpo e o sangue de Cristo em minhas mãos, tenho vontade de sair dançando com a hóstia e o cálice na mão… Sair dançando! Quem quiser me achar louco que ache. Louco da loucura divina. É o Filho que se faz Homem e na Eucaristia toma o lugar do vinho e do pão”! (Meus queridos amigos-Desejo e magia – 19.5.1976)
Para Dom Helder Camara a celebração Eucarística era o ponto alto de seu dia, seu momento, talvez, de maior alegria e felicidade. Como ele mesmo dizia “tenho vontade de sair dançando”.
E ao comemorarmos os 110 anos de seu nascimento, que a festa fosse completa não poderia faltar a celebração Eucarística.
Para encerrar as homenagens ao Dom foi celebrada uma missa em agradecimento por sua vida no domingo 10 de fevereiro, na igreja das Fronteiras.
A celebração foi presidida pelo padre Josenildo Tavares, pároco das Graças, representando a Arquidiocese de Olinda em Recife. Dom Fernando Saburido não presidiu a celebração esse ano por estar em viagem missiona´ria na África. A missa foi concelebrada pelos padres José Augusto – Capelão das Fronteiras e Fábio Santos (Potiguar) e pelo diácono Antônio.
A igreja das Fronteiras ficou superlotada, reunindo velhos amigos do Dom, admiradores, pessoas que conviveram com ele ou que, de alguma forma, mesmo sem ser pessoalmente, o conhecem mesmo assim.
Em sua homilia o Pe. Josenildo falou sobre o profetismo de Dom Helder, de sua humildade, solidariedade e carinho especial aos menos favorecidos. Mencionou o discurso de Dom Helder ao chegar ao Recife, em 11 de abril de 1964, como sendo um verdadeiro documento onde ela já deixava claro a que veio.
Era emocionante olhar a igrejinha do Dom repleta das pessoas que queriam lhe homenagear e agradecer a Deus por sua vida.
Pessoas que caminharam com ele, que fizeram acontecer a história que mudou a vida de muita gente.
Nas orações da assembleia, utilizando as palavras de Dom Helder e do papa Francisco, os presentes rezavam e pediam para lutarmos pelos direitos inalienáveis como educação, saúde e moradia para todos e todas. As orações pediam ainda par alutarmos contra a consciência ingênua que não percebe as manipulações sofridas pela mídia.
Como Dom Helder dizia foi pedido nas orações para enfrentemos sem ódio, mas com decisão, os perigos internos e externos que nos ameaçam. E finalizando as orações toda a igreja rezou por uma Igreja em saída, pobre, servidora e libertadora, fiel ao projeto de Reino anunciado por Jesus Cristo, liberta de todo clericalismo rico em dinheiro e soberba, como profetizava Dm Helder e anuncia o papa Francisco.
Ao final da missa foram feitas duas homenagens ao Dom. A primeira, HELDER – PROFETA QUERIDO, foi feita por Marieta Borges que escreveu, como sempre faz todos os anos, uma homenagem ao querido Dom, que, ali do lado, escorado na porta de sua casa, parecia ouvir cada palavra com muito carinho.
A segunda homenagem foi feita pelos adolescentes da Casa de Frei Francisco, que, em forma de jogral, leram dois textos. O primeiro, um poema escrito pelo Dom em 17 de janeiro de 1947, chamado A TRISTEZA DAS CHAVES, que, apesar de seus 72 anos, continua tão atual como se acabasse de ter sido escrito.
O Segundo texto apresentado pelos meninos e meninas da Casa de Frei Francico foi escrito por Dom Helder e por seu amigo Abbé Pierre, em 1996, por ocasião da celebração dos 65 anos de sacerdócio do Dom: APELO AOS HUMANOS. Mas recente que o texto anterior, 23 anos de escrito, também continua atualíssimo para os dias de hoje. No texto o APELO é feito aos Jovens, Políticos e aos Políticos. Lá do Céu o Dom devia estar muito feliz em ver que o seu legado continua firme.
Mais uma vez agradecemos à cantora e compositora Cylene Araújo e Vitória Clic pela cobertura de imagens da celebração, com fotos e vídeos que documentam esses momentos tão importantes das homenagens ao Dom.
Para animar o canto tivemos a alegria da participação de Isaura, Heloísa, Ramos, Messias e Cristiano, que com suas vozes, violão e percussão deram vida e alegria à celebração, que foi encerrado chamando A GENTE PARA UM MOMENTO NOVO.
Chamado que Dom Helder e o papa Francisco nos fazem todos os dias, inspirados pelo Evangelho que nos propõe a Igreja em Saída, pobre, servidora e libertadora. Que assim seja.