INSTITUIÇÕES CELEBRAM EM MEMÓRIA DOS 10 ANOS DO ASSASSINATO DE MANOEL MATTOS

“Toda vez que um justo grita um carrasco o vem calar. Quem não presta fica vivo, quem é bom mandam matar”. Cecília Meireles

Manoel Mattos, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE foi um incansável defensor de direitos humanos, que assumiu a luta dos que não tinham vez e nem voz, fazendo-os serem ouvidos através de sua atuação parlamentar, quando vereador e como advogado brilhante que foi.

Acreditando que a justiça em toda a sua plenitude é a solução para o fim da desigualdade social e, por consequência, o lastro para o fim da violência e o começo da convivência pacífica dedicou a vida a lutar para que um dia todos e todas pudessem ter uma vida digna.

Assinado por pistoleiros no dia 24 de janeiro de 2009, foi atingido a tiros de pistola e espingarda calibre 12, em Pitimbu, litoral sul da Paraíba, falecendo no próprio local. A execução foi uma retaliação ao seu trabalho, conhecido por denunciar grupos de extermínio que atuam em Pernambuco e na Paraíba.

Em maio de 2010, por maioria de votos, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o crime contra o ex-vereador fosse processado pela Justiça federal. O caso passou para a responsabilidade da Justiça Federal, sendo a primeira vez que o instituto do deslocamento foi aplicado.

Julgados os suspeitos em 2015, três foram absorvidos, entre eles o ex-PM  Cláudio Roberto Borges e dois forma condenados pelo júri popular: José da Silva Martins como autor dos disparos, condenado a 25 anos de prisão e Flávio Inácio Pereira como mentor do crime, com 26 anos de pena. Ambos estão presos em regime fechado por homicídio duplamente qualificado com dois agravantes: motivo torpe e sem chances de defesa da vítima.

Mesmo vivendo em um país onde a violência e o número de mortes por assassinato se assemelham aos de países em guerra, não há como simplesmente considerar esse assassinato como mais uma morte. Dadas as circunstâncias e as consequências do crime, ele foi,  antes de tudo, uma grave violação material aos Direitos Humanos.

O assassinato de Manoel Mattos calou uma das vozes mais atuantes em defesa dos despossuídos, oprimidos e explorados da Zona da Mata de Pernambuco e Paraíba. Esmagou os sonhos de sua família, que precisou seguir em frente sem ele, lutando contra todas as dificuldades que se apresentaram a partir de então.

Quando uma barbárie dessa é cometida, fere a todos e todas que lutam pela preservação dos direitos que, como diz seu nome, são humanos e a nenhum o humano cabe a decisão de por fim à vida de ninguém.

“E quando os ingênuos imaginam que morto o líder da Não Violência, a própria Não Violência está morta, se vê que Gandhi, Martin Luther King e tantos outros estão mais vivos do que nunca. Além do que, se formos fieis a esperança, Deus fará milagres para a vitória do amor!” Dom Helder Camara

Não podemos deixar que o tempo apague da memória as violações aos direitos humanos, as injustiças e as perdas provocadas pela violência e pelo desrespeito à vida.

Para que essa realidade seja mudada é que os justos precisam juntar as forças e seguir em frente lutando e cuidando para que a história não seja apagada dos livros ou esquecida nos porões das memórias. 

Advogado brilhante, defensor incansável dos direitos dos excluídos e oprimidos, Manoel Mattos teve sua vida interrompida para que a os despossuídos da terra não tivessem mais voz. A sua morte, o seu sacrifício, não pode ter sido em vão.

Para celebrar a memória dos dez anos do assassinato de MANOEL MATTOS  o IDheC – Instituto Dom Helder Camara, apoiado pelas entidades abaixo enumeradas, irá realizar uma Celebração Eucarística, no dia 24 de janeiro, às 19h, na igreja das Fronteiras.

Para que a fé seja infinita e a justiça sobreviva. Juntos. Sempre.

Manoel Mattos! PRESENTE!

 IDHeC
ABJD
Articulação de Leigos e Leigas – representando 21 instituições
Cátedra Dom Helder Camara de Direitos Humanos UNESCO/UNICAP
Cendhec
Centro Manoel Mattos
Comissão de Direitos Humanos da OAB
Comissão Justiça e Paz (AOR)
DA de Direito Fernando Santa Cruz
DCE da UNICAP
Grupo de Leigos Católicos Igreja Nova
OAB/PE
RENAP

Um comentário sobre “INSTITUIÇÕES CELEBRAM EM MEMÓRIA DOS 10 ANOS DO ASSASSINATO DE MANOEL MATTOS

  1. Acredito que seja um momento simbólico para dar um grande passo na luta contra o armamento. Chamar a mulheres, mães, companheiras, colegas, vizinhas para essa luta, pois são mais sensíveis à preservação da vida… e junto a luta contra a militarização que estão impondo nas instituições e órgãos públicos. Ninguém solta a mão de ninguém! Abraços.

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