UM OLHAR SOBRE A CIDADE: A ANGÚSTIA DOS TÉCNICOS

 
Quarta-feira, 6.5.1981
 
Meus queridos amigos
 
De vez em quando, dá vontade de dizer ao Pai: O sinal da tua aliança conosco é o arco-íris? É belo, belíssimo, como símbolo. Mas com que facilidade o arco-íris, símbolo de aliança conosco, surge e se desfaz, aparece e se apaga, some!
 
Não vacilo em dizer aos meus irmãos que sempre mais — nesta hora de tantas injustiças e de estruturas pesadas, esmagando mais de 2/3 da humanidade — descubro tanto nos países pobres como nos países ricos, claros sinais de esperança.
 
O arco-íris, parecendo inseguro e fugitivo, é duradouro e amigo.
 
Querem um exemplo? Há especialistas sempre mais numerosos, técnicos de alto valor, obrigados a trabalhar em Instituições para lá de duvidosas e comprometidas, mas sentindo uma angústia terrível e tentando salvar a criatura humana dentro do técnico.
 
No Banco Mundial, depois de encontrar com o presidente Mc-Namara, desejoso de conhecer o pensamento do Terceiro Mundo sobre o seu Banco, participei, na manha seguinte, de um encontro informal que numerosos técnicos do Mundial promovem, de 15 em 15 dias, na tentativa de se ajudarem mutuamente a não virarem robôs.
 
Se Deus quiser, na segunda quinzena de maio, espero poder aceitar um convite do maior instituto tecnológico dos Estados Unidos, o célebre MIT-Institute of Technicology of Massachussets — onde técnicos desejam aprofundar slogans como “Desarmamento para o Desenvolvimento”.
 
Enquanto no mundo industrial o rico estiver gastando, a cada minuto, um milhão de dólares, na fabricação de armas, o que significa 450 bilhões de dólares por ano, onde encontrar dinheiro para abalar a miséria da Terra, como o homem de hoje é capaz de realizar? E isto sem falar na loucura das armas nucleares. Um foguete de submarino nuclear liquida 408 cidades como Hiroshima e Nagasaki. Tanto os Estados Unidos como a Rússia tem mais de 60 vezes o necessário para liquidar a vida na Terra. É ou não um claro sinal de esperança a angústia dos técnicos e o sonho de realizar avanços tecnológicos a serviço da vida e não a serviço da morte?
 
E um enorme e belíssimo arco-íris se anuncia, capaz de estender-se de continente a continente, de mundo a mundo…

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