ATUALIDADES: O PRO(FÉ)TA – O BISPO DO POVO ESTÁ DE VOLTA

Depois de uma temporada de sucesso dentro do Janeiro dos Grandes Espetáculos, a última parte da Trilogia Vermelha. A primeira parte foi sobre Glauber Rocha, a segunda sobre Paulo Freire a agora, a última parte, sobre Dom Helder.

E a estreia dessa nova temporada será na próxima quinta-feira, 09 de agosto, no teatro Arraial Ariano Suassuna.

O que essas três pessoas têm em comum, além do fato de terem revolucionado a história do Brasil, cada um em sua área? O fato de todos serem nordestinos e a pesquisa dramatúrgica elaborada, evidenciando as relações estabelecidas, de afeto e de poder, deles com a história de Pernambuco.

Em Glauber foi evidenciada a  sua amizade com Jomard Muniz e a carta histórica para Miguel Arraes refletindo dialeticamente sobre o que era o Brasil naquele momento inicial dos anos 70 pós Golpe.

Paulo Freire nasceu aqui e através do que observa das contradições da nossa realidade social, sistematiza uma nova pedagogia contra a opressão. Depois do golpe, fica preso no Recife por 90 dias. Hoje, é patrono da educação brasileira e o brasileiro mais premiado com honrarias na história do país.
D. Helder, no auge de sua atuação é transferido do Rio de Janeiro para a Arquidiocese de Olinda e Recife, pelo papa Paulo VI.
Os três- ‘atores sociais’ na História do Brasil – foram a inspiração para esss três espetáculos na cena teatral brasileira. Foram interligados por seus discursos memoráveis, dissonantes do senso comum medíocre e acomodado, dos pessimistas, dos preconceitos injustificáveis e da alienação desumanizante que, ainda hoje, atrasam e dominam a realidade social, cultural, econômica e política do nosso país.



São corpo e voz dialogando criticamente com o teatro contemporâneo realizado em Pernambuco. Rocha, Freire e Camara reaparecem como cena teatral, pela ‘intenção épica-didática’ exercida pelos seus ‘interpretes-performers’, fazendo as plateias recordarem e refletirem a atualidade, das mesmas questões e dos mesmos dilemas brasileiros, que, infelizmente, não firam superados até hoje. Mas, que nos dizem respeito, e a eles, precisamos responder e avançar.
Através da Trilogia Vermelha, resultado dessa investigação enriquecedora que a arte do teatro nos possibilita encontrar e descobrir ao criar, e que colocou aos  atores e ao público presente nos espetáculos  em contato direto com esses fatos e acontecimentos relevantes da memória nacional, fica evidente a intensa aprendizagem e a experimentação de linguagem desenvolvida por toda a equipe de criação e  foi para todos realizador e gratificante. Afinal, como já havia sido dito por Glauber, ‘aquilo que se cumpriu deve ser consagrado, mas aquilo que não se cumpriu não terá nova chance tão cedo’. Os discursos das três encenações (roteirizadas e encenadas por Junior Aguiar, com atuação de Barros, Aguiar e Fecher) estão impregnados de amor pela vida e iluminam os debates por um mundo melhor, nos seus vastos campos de atuação: ARTE, EDUCAÇÃO e RELIGIÃO.


Os espetáculos falam essencialmente do Brasil, da América Latina e do Terceiro Mundo, denunciando e anunciando uma sociedade menos desigual e injusta, tentando superar desilusões, contradições e dilemas que paralisam nossos avanços enquanto civilização buscando, incansavelmente, democratizar-se. A dramaturgia aborda questões éticas, defende a liberdade, valorizando a práxis no ‘empoderamento’ do EU, da Pessoa Humana, do Cidadão e do Sujeito Histórico.

As encenações defendem um teatro que trabalha, primordialmente, a arte do ator, colocando-o, nas palavras de Denise Stoklos, como “prisma essencial da obra” e, ao lado dele, evidenciando “o mínimo de recursos para o máximo de teatralidade”.

Para quem não assistiu em janeiro chegou a oportunidade de conhecer e se encantar com a peça. E, para quem já viu, a oportunidade de rever e se reencantar.
SERVIÇO

O QUE – PRO(FÉ)TA O BISPO DO POVO

ONDE – TEATRO ARRAIAL ARIANO SUASSUNA – Rua da Aurora

QUANDO – 9,10,11, 16, 17 e 18 de agosto

HORA – 20h

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