Segunda-feira, 19.7.1976
Meus queridos amigos
Quando o átomo foi atingido em seu segredo mais íntimo, quando o homem o alcançou nas profundezas últimas do seu ser, invisível a olho nu, dizem que ele disse ao homem: afinal chegastes! Há milênios esperava que me libertasses! Mas vê bem se me vais utilizar para recriar a Terra ou para destruí-la! Sou membro do Sipri, um instituto internacional de pesquisas sobre a paz, sediado em Estocolmo, na Suécia. O Sipri nos mantém rigorosamente informados tanto sobre as maravilhas que podem ser obtidas pela energia nuclear, como sobre o poder desta mesmíssima energia nuclear no sentido de liquidar a vida na face da Terra. O que há de grave é que o Sipri também nos informa, com o mesmo rigor científico, em relação a todos os países do mundo, se fabricam armas e a quem vendem, se compram armas e a quem… Aflige ver que os países donos da energia nuclear se armam sempre mais e vendem armas a mais não poder. O Sipri já remeteu o Anuário de 1976 de publicação de vendas e compras de armas. Quando o homem, tão grande na linha de inteligência, vai deixar de ser primário na linha da vontade, na linha do querer, na linha das opções? O homem está aprendendo a ativar o cérebro. Não é novidade que mesmo os maiores sábios só utilizaram até hoje 5% do cérebro… O homem prepara-se para usar muito mais: 10%, quem sabe 15, 20, 25… Por que ser pessimista? Por que não imaginar 50 e até mais de 50% de utilização da massa cinzenta? Mas, de novo, se levanta a grande interrogação: mais cérebro para quê? Para construir ou para destruir?
O homem se acha em plena luta contra a esclerose. Parece-me fora de dúvida que vencerá a peleja. Vencida a esclerose, a vida humana vai poder ser alargada de modo impressionante. Mas para que alargar a duração da vida se os jovens não estão sabendo o que fazer com os velhos? Será que estão sabendo por que, por enquanto, a esclerose torna a convivência um martírio? Imagine-se o que seria a Terra, com a energia nuclear efetivamente voltada para construir! Com o excesso de utilização do cérebro, usado de modo totalmente antiegoísta e a esclerose vencida, não apenas em superação do desgaste físico, mas na manutenção de mil razões para viver!