DOM HELDER – O PROFETA DOS DIREITOS HUMANOS

Nesta página colocamos uma seleção de frases retiradas de discursos e pronunciamentos de Dom Helder Camara pelo Brasil e pelo Mundo afora  e também escritas nas  Cartas pré e pós-conciliares, onde ele se posiciona em relação à sua incansável defesa da vida. De uma vida onde todos e todas tenham seus direitos preservados e respeitados. Uma vida onde a esperança seja uma chama permanentemente acesa, iluminando o caminho que, ao final, levará a uma vida plena, abundante e, acima de tudo, digna.


– É preciso que se consagrem os direitos inalienáveis, inerentes à própria dignidade da pessoa humana: o direito à moradia e ao trabalho, o direito à educação e à saúde. Só a garantia desses direitos sociais evitará, nesse País, a existência de subcidadãos e de sub-homens brasileiros, de segunda classe.

– Quando dou comida aos pobres me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres me chamam de comunista.

– Nada mais justo do que pensar nos Trabalhadores do Mundo inteiro. […] pensemos, também, nos sem-trabalho; e nos nossos irmãos condenados ao biscate, isto é, a um sub-trabalho […]

– A fome dos outros condena a civilização dos que não têm fome.

– O que é repelente é pretender enganar o povo e o que é repugnante e inaceitável, é decretar aperto de cinturão só para os pobres.

– Sempre teremos, ao menos espiritualmente, presentes, em nossas reuniões, em nossos estudos e em nossas preces, não só pessoas que pertençam a outras religiões, mas que até imaginem não possuir religião nenhuma.

– Haverá alguma coisa de menos autenticamente cristã do que a fé sem esperança, e a caridade sem justiça?

– A grande caridade hoje consiste em ajudar a fazer justiça.

– O segredo de ser sempre jovem – mesmo quando os anos passam, deixando marcas no corpo – é ter uma causa a que dedicar a vida.

– [..] Política é, antes de tudo, preocupação com os grandes problemas humanos e com os direitos fundamentais do homem.

– […] Não vão na onda de quem diz que primeiro é preciso fazer o bolo crescer, para dividi-lo. O bolo já está sendo preparado e está sendo comido.

–  Não devemos temer a utopia. Gosto de repetir muitas vezes que, ao sonharmos sozinhos, limitamo-nos ao sonho. Quando sonhamos em grupo, alcançamos imediatamente a realidade. A utopia, compartilhada com milhares, é o esteio da história.

– É possível caminhar sozinho. Mas o bom viajante sabe que a grande caminhada é a vida e esta supõe companheiros. COMPANHEIRO, etimologicamente, é quem come o mesmo pão.

– Acredito nessas minorias capazes de compreender a Ação, Justiça e Paz e de adotá-la como campo de estudo e de atuação. Chamo-as de Minorias Abraâmicas porque, como Abraão, esperamos contra toda esperança…

– […] Sem esperança temos mãos e pés amarrados[…].

– […] é a esperança quem dá força ao Caminheiro.

– A arma pacífica é o povo unido, é a comunidade unida, não para pisar direitos dos outros, mas para não deixar que ninguém venha pisar direitos do povo, que não são favores concedidos pelos governos ou pelos ricos, mas são ofertas do próprio Criador e Pai.

– Nós todos temos obrigação de perguntar se é ou não grave pecado social de omissão, ceder ao comodismo de não querer complicação e de não tentar uma ida as causas da situação sub-humana de mais de 1 milhão de filhos de Deus, no Grande Recife.

– Se houver líderes de verdade, e a grande qualidade de um líder autêntico é nem querer dominar, nem querer perpetuar-se, havendo líderes de verdade, o povo se une para defender, pacificamente, os próprios direitos.

– Política, queridas irmãs e queridos irmãos, não é só política partidária. Política é, antes de tudo, preocupação com os grandes problemas humanos e com os direitos fundamentais do homem.

– Escravos… Escravidão… Além da escravidão pela miséria e pela fome, pela ausência de respeito aos direitos fundamentais da criatura humana, já descobriram quanta escravidão de outros tipos, deixando a criatura de mãos e pés atados, de cabeça e coração subjugados, de vida acorrentada?

– Digam o que disserem dos bispos, dos padres, das religiosas, dos animadores leigos, faremos um trabalho evangélico muito ao gosto de Cristo, se encorajarmos a união dos pequenos para que eles defendam os direitos deles sem pisarem no direito de ninguém, mas também sem serem pisados.

– Dói-nos constatar, neste momento, que homens tão humildes arrostam tão ingentes perigos e incompreensões de empregadores e governos, apenas para conseguir direitos que, na maioria, as leis dos próprios governos revolucionários já reconhecem.

– Vamos fazer o possível e o impossível para que, no Nordeste, todo trabalho seja trabalho em que a criatura sinta que está ajudando o Criador a construir o mundo! – Mensagem de posse – 11.04.1964

– Longe de indignar-se vendo os trabalhadores se apoiarem em Associações, o patrão, honesta e lealmente, haverá de reconhecer que sem seus irmãos operários, o trabalhador, só por exceção consegue ser escutado e atendido. Dom Helder Camara, Mensagem de posse – 11.04.1964

– Que, ao invés de tanto medo e de tanto sobressalto, o homem saiba que, nos momentos mais difíceis, na escuridão mais escura, na noite mais noite, há o começo de uma luz… Que o homem, meu irmão de grandeza e de miséria, reencontre a Esperança!. Mensagem de posse – 11.04.1964

– O que aflige da parte dos Países de abundância (e das Camadas de abundância dos Países de miséria) é a pobreza de visão, a pobreza de sentimentos e a pobreza de corage. Liège, Bélgica, 19.04.1968

– Parece-me exigência do Evangelho, parece-me fidelidade ao Cristo – qualquer que sejam as interpretações em contrário – que a Igreja enquanto puder falar, enquanto não for sufocada, clame pelas mudanças de estruturas desumanas, que estão impedindo o desenvolvimento integral dos nossos Povos e mantendo-os em situação indigna da condição de filhos de Deus. – Dom Londres, Inglaterra, 13.04.1969

– As guerras continuam. De repente, os pequenos são arrastados a elas, se devoram, se estraçalham, enquanto, na retaguarda, os Grandes, os Senhores do Mundo medem forças, experimentam armas novas e sempre mais mortíferas, como argumentos decisivos para direitos mais amplos na partilha do Mundo. – Oslo, Noruega, 10.02.1974

– Nas operações destinadas a conseguir o máximo de lucro, o custo humano não entra nas considerações. – Oslo, Noruega, 10.02.1974

– Quando olhamos os Países em seu conjunto, o Mundo dividido em blocos à mercê das Superpotências, vemos que o egoísmo continua controlando as relações entre os homens. Oslo, Noruega, 10.02.1974

– Sem justiça, a paz será impossível. – Oslo, Noruega, 10.02.1974

– Se o número dos Oprimidos aumenta a cada dia, aumenta, também, a todo instante, o número das Minorias que participam da grande pressão libertadora. O que diminui é o volume dos indiferentes, dos mornos. Oslo, Noruega, 10.02.1974

– Precisamos de um Brasil sem Criaturas Humanas em condição sub-humana, de miséria e fome… (…)

– Precisamos chegar a tempo para tentar salvar o que porventura ainda sobra da floresta amazônica.  22.12.1994

– O verdadeiro cristianismo rejeita a ideia de que uns nascem pobres e outros ricos, e que os pobres devem atribuir a sua pobreza à vontade de Deus.

– Não me dou a penitências. Com todo respeito que me merecem os santos, não sou homem de autoflagelação… Não há penitência melhor do que aquela que Deus coloca em nosso caminho.

– Por que todos nós temos a tentação de imaginar que os sofrimentos são castigos de Deus?… Por que não pensar que Deus permite sofrimentos físicos e morais, como o agricultor que poda suas árvores para que deem ainda mais frutos?….

– A não violência não é de forma alguma uma escolha da fraqueza e da passividade. É crer mais na força da verdade, da justiça e do amor do que nas forças das guerras, das armas e do ódio.

– Você pede água à Samaritana… Liberta-nos da pretensão de sermos os donos do poço. Ensina-nos a pedir, em vez de sempre dar. Não nos deixe impor a água de nosso poço a quem não quer beber dela.

– […] Creio que vi tudo de bom em sua Usina: no tocante a segurança do trabalho, a salários, a condições de educação, saúde e recreação… Só não entendo a razão de ser dos avisos invisíveis espalhados pela Usina inteira: Trabalhador: tudo te será dado, se abrires mão do duplo luxo burguês que são a inteligência e a liberdade. Discurso 27/11/1965
– Quando compreenderá plenamente que liberdade é palavra sem sentido e vazia para quem não tem casa que mereça nome de casa, nem verdadeiro alimento, nem vestido de verdade, nem um mínimo de condições de educação e de condições de trabalho real!?… Discurso 27/11/1965 
– Sem menosprezar as forças que se opõem à promoção humana, registremos esta primeira razão de esperança: ninguém nasceu para escravo. Discurso, 1968.
– Não queremos que os opressores passem a oprimidos: que ninguém oprima ninguém e que haja para todos e cada um condições de realizar-se plenamente segundo os planos de Deus. Discurso, 1968

– Já notastes que, 20 anos depois da solene proclamação pela ONU, dos direitos do homem, quase todos eles continuam pisados nos Países subdesenvolvidos? Sabeis que, muitas vezes, a política externa e o comércio dos Países desenvolvidos são responsáveis, diretos ou indiretos, pelo desprezo dos direitos do homem em todo o Terceiro Mundo? Discurso, 1968

– Quanto ao Direito, ele é, muitas vezes, instrumento de violência contra os menos poderosos ou se reduz a belas frases sonoras em textos de Declarações, como a dos Direitos Fundamentais do Homem, cuja segunda década o Mundo começa a comemorar. Uma boa maneira de festejar este aniversário seria, da parte da ONU, verificar se alguns destes direitos são realmente respeitados em 2/3 do Mundo… Discurso,1968

– Cristianizar a revolução para nós significava despojá-la de violência injusta, de ressentimentos, ódios e egoísmos. Significava não suprimir a liberdade e os direitos do homem, senão, pelo contrário, fazer com que esta liberdade e estes direitos não sejam monopólio de uma pequena minoria, mas se estendam a todos os latino-americanos. Roma, 19.10.1963 – 16ª Circular

– É crime arriscar-se a construir sobre pântanos ou areias movediças, imaginando construir sobre terreno firme. Ajudai a abrir os olhos dos bem-intencionados e a forçar a atenção dos mal-intencionados para o desastre de pretender continuar construindo sobre a miséria de milhões, sobre direitos humanos, desrespeitados tranquila e friamente… Após-Concílio – Recife, 21/22.11.68. 451ª Circular

Dom Helder Camara

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