No dia em que celebramos o dia da Consciência Negra, relembremos uma crônica de Dom Helder falando sobre a Liberdade, escrita há 35 anos, mas que continua tão atual quanto no tempo em que foi escrita.
Quarta-feira, 10.2.1982
Meus queridos amigos
Quem não tem ouvido no coração esta mensagem sobre a busca da liberdade?
“Procurando a liberdade, caminheiro!
Procurando a liberdade também vou
Procurando a liberdade que é vida
Procurando a liberdade de viver
Caminhando eu vou, procurando eu vou!
Caminhando levo apenas a esperança
De algum dia a liberdade encontrar
É a esperança que dá força ao caminheiro
De ir seguindo pela vida caminhando.
Procurando eu vou, na esperança eu vou!
A liberdade é só certeza na esperança.
A encontrar quem na vida se arriscar.
E no risco posso ser crucificado.
Mas cantando a liberdade vou morrer.
Caminhando eu vou, procurando eu vou
Arriscando eu vou, na esperança eu vou!
Procurando a liberdade, caminheiro
Procurando a liberdade também vou
Procurando a liberdade que é vida
Procurando a liberdade de viver
Caminhando eu vou, procurando eu vou
Arriscando eu vou, na esperança eu vou.”
A liberdade é vida! Liberdade de viver! É apaixonante cantar de verdade, viver de verdade o nosso canto, quando milhões de filhos de Deus, de escravos, só não tem o título oficial. É apaixonante cantar de verdade a liberdade de viver neste nosso século louco e maravilhoso em que uma minoria mínima leva uma supervida e a maioria esmagadora dos filhos de Deus levando uma subvida.
Só que é enganosa e falsa a aparente supervida da minoria Privilegiada.
Supervida como, se hoje há tanto ódio, tanta violência, tanta ameaça?!
Jamais encontrei um super-homem nesse chão de homens. Também ainda estou para encontrar o primeiro sub-homem. Há de sobra, condições sub-humanas. Lá dentro, em plena subvida encontramos autenticas criaturas humanas, verdadeiros filhos de Deus!
Importante é jamais perder a esperança! Quem perde a esperança já se torna escravo. Sem esperança temos as mãos e pés amarrados.
Somos escravos, sem perspectiva de libertação.
O canto não engana: diz abertamente que o risco de quem procura de verdade a liberdade, é ser crucificado! O grande exemplo está no Calvário. Porque o filho de Deus foi pregado na cruz e nela morreu!
Mas a Via-Sacra não termina na 14a edição. Existe a 15a. Cristo venceu a morte! Conquistou para si e para nós a vida e a liberdade!