MAIS UMA ESTRELA BRILHA NO CÉU

 “Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”.(João 10:2-4)
Quando em 15 de março de 1919, nas Minas Gerais, o distrito de Córregos, em Conceição do Mato Dentro, recebia um novo morador, não imaginava que naquele dia nascia um grande pastor e profeta.  Ele poderia ter sido mais um José, entre tantos desse imenso Brasil. Mas além de ser José, era também Maria. Como poderia não levar a sua vida fazendo algo diferente quando trazia no próprio nome os dos pais terrenos de Jesus?

Ainda criança ingressou no seminário com apenas 11 anos de idade. E, como Dom Helder, ordenou-se também muito jovem, aos 22 anos. Poderia ter sido mais um jovem que ingressou no seminário e desistiu no meio do caminho. Ou poderia ter sido mais um que segue o caminho sem entender o verdadeiro significado de ser pastor.


Mas ele entendeu que a missão de um sacerdote é, acima de tudo, ser o bom pastor como que Jesus falou no Evangelho. Em 1957 foi ordenado bispo de Araçuaí. E, em 1966, foi ordenado arcebispo da Paraíba, na igreja de Nossa Senhora do Rosário, ali permanecendo até sua renúncia em 1995.
Por ser negro recebeu o apelido de Dom Pelé. Apelido que ele próprio trocou ao dizer que preferia ser chamado de Dom Zumbi.

Os pontos de convergência com o grande amigo Dom Helder eram inúmeros. Mas um, com certeza, se destaca: a opção por uma vida episcopal simples, sem os aparatos do cargo. Era o último bispo brasileiro vivo que participou do Vaticano II e que assinou o Pacto das Catacumbas.
(cf: http://institutodomhelder.blogspot.com.br/2015/11/atualidades-celebracao-do-jubileu-de.html)


Dirigia seu próprio carro, atendia pessoalmente o telefone da casa em que morava e cuidava ele próprio do pomar e de sua criação de abelhas.

Durante o seu arcebispado acolheu padres afastados da Arquidiocese de Olinda e Recife pelo então arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho. Criou ainda uma pastoral para acolher os padres casados. Sua compreensão de igreja era a do acolhimento, da comunhão entre os irmãos e irmãs.

Mesmo tendo se mudado para Belo Horizonte após tornar-se arcebispo Emérito da Paraíba, sempre esteve presente na vida de Dom Helder. Em 1996 veio celebrar a missa em ação de graças pelos 65 anos de ordenação do amigo. Dois anos depois voltava ao Recife para participar da I Jornada Teológica Dom Helder Camara, tendo o próprio Dom Helder na plateia, aos 89 anos.

Em 2015 Dom José Maria concelebrou e fez a homilia da missa que marcou a abertura oficial da fase diocesana do processo de beatificação de Dom Helder, no dia 03 de maio de 2015, na Catedral da Sé em Olinda.


Pensava em trabalhar até os 113 anos e depois se aposentar, como nos conta o monge Marcelo Barros. Mas esse não era o projeto do Pai que o chamou na noite desse dia 27 de agosto, data em que, há 18 anos, Dom Helder e há 11, Dom Luciano também foram chamados.

Quem sabe não foi essa data que Deus escolheu para convocar alguns de seus profetas de volta para casa?


Embora a saudade queira falar mais forte e nos encher de tristeza, será sempre a lembrança de sua vida dedicada aos pequenos, aos mais necessitados, aos sem vez e sem voz e o seu exemplo de vida que prevalecerá nos dando a alegria de sabermos que tivemos o privilégio de conviver com mais um grande e sábio pastor.

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