Por Marcelo Barros
No Recife, ele era dos padres mais conhecidos e estimados. Não apenas por ser dos que, por mais tempo, exerciam o ministério presbiteral e sim pelo contato simples e direto com as pessoas. Frequentemente, quem passasse pelo bairro de Casa Forte nas primeiras horas da manhã o encontrava, mesmo com mais de 80 anos, fazendo sua caminhada matinal. Era amigo de ricos e pobres, gente importante e pessoas comuns. Quando era jovem, foi reitor de seminário. Assim, se tornou um dos padres mais próximos de Dom Helder, durante todo o tempo em que o Dom foi pastor da arquidiocese. Em um livro de testemunhos sobre o Dom, o padre Edwaldo escreveu que visitou Dom Helder na tarde do 27 de agosto de 1999, poucas horas antes da partida do Dom e o encontrara se preparando para a grande viagem[1].
Talvez por causa dessa profunda amizade com Dom Helder, o padre Edvaldo caiu no desagrado do arcebispo que sucedeu o Dom. A dificuldade maior surgiu quando, em outubro de 2006, na celebração de seus 50 anos de padre, um bispo anglicano apareceu de última hora e se colocou no altar para concelebrar com o padre. O arcebispo tornou pública a sua condenação e sua censura. Padre Edwaldo sofreu com a incompreensão do pastor, mas permaneceu fiel em seu lugar até que o inverno passou e a Igreja de Olinda e Recife recebeu Dom Fernando Saburido como pastor que dialoga com todos.
Nesses dias, todos os que conheceram e tiveram o privilégio de conviver com o padre Edwaldo, sofrem o impacto da sua partida. Principalmente para os paroquianos de Casa Forte, a sensação é de orfandade de quem viu partir um pai bondoso e uma testemunha da bondade de Deus. Durante todos os anos do seu ministério, o padre Edwaldo sempre foi um pastor que soube ser próximo das pessoas e contava com a confiança de todos. Sua experiência humana e pastoral fez dele um verdadeiro doutor da Igreja de Olinda e Recife. Sua partida repentina nos deixa mais órfãos. No entanto, assim como Eliseu recolheu o manto de Elias e prosseguiu o seu ministério, somos chamados/as a continuar a missão do padre Edwaldo, no cuidado uns com os outros e para que se realize no mundo o projeto divino da paz e da justiça.
[1]– Cf. PE. JOSÉ EDWALDO GOMES, Um pouco da minha história até o encontro com D. Helder, in ANTÔNIO MONTENEGRO e outros, Dom Helder, Peregrino da Utopia, Prefeitura do Recife, Secretaria de Educação, 2002, p.