Há exatos cem anos nascia, no Rio de Janeiro, Clemente José Carlos de Gouvea Isnard, que viria a ser o primeiro bispo da Diocese de Nova Friburgo, quando foi sagrado bispo em 1960, onde permaneceu até 1992. Durante o período em que foi bispo de Nova Friburgo descobriu a opção pelos pobres.
Enquanto estudava Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade Direito do Rio de Janeiro passou a frequentar a Ação Católica e p Centro Dom Vital. Concluído o curso ele resolveu entrar para a vida religiosa, ingressando na Ordem de São Bento em 1937, com o nome de Clemente, sendo ordenado padre em 1942.
Em 1964 foi nomeado membro do Conselho para a Execução da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio e foi eleito presidente da Comissão Litúrgica da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nela tendo permanecido por 23 anos. Em 1969, o papa Paulo VI o nomeou para a recém-criada Sagrada Congregação para o Culto Divino. Ele foi diretamente responsável pela reforma litúrgica no Brasil.
Dom Clemente teve um importante papel na história da Igreja Católica no Brasil, tendo sido ainda vice-presidente da CNBB, de 1979 a 1983 e presidente do Departamento de Liturgia do CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano.
De 1992 a 2004 foi vigário-geral da diocese de Duque de Caxias e, ao completar 90 anos veio morar em Recife, dedicando-se à defesa do Movimento Litúrgico e do Concílio Vaticano II.
Ele foi um exemplo para muitos religiosos que buscavam uma Igreja mais transparente.
Em 2008 escreveu um livro polêmico que fala sobre celibato, sacerdócio feminino e a participação dos leigos na escolha dos bispos, chamado “Reflexões de um Bispo sobre as Instituições Eclesiásticas Atuais”.
O livro termina com a seguinte reflexão: “Os pontos que enumero são disciplinares embora vitais para a Igreja: a nomeação dos bispos com participação dos fieis, fora de um segredo pontifício que acoberta a politicagem eclesiástica e consagra o sacrifício do povo; a garantia para os presbíteros cuja vocação não é o celibato a fim de que possam exercer o sacerdócio a vida toda; a abertura plena para a mulher ocupar lugar na Igreja o lugar que espera há quase dois mil anos; sucessão apostólica dando a todo bispo a posição autêntica de sucessor dos apóstolos e não apenas a de celebrantes de pontificais vestidos de roxo.
E há muitas outras coisas que foram acrescentadas à disciplina da Igreja no decurso de dois milênios de sua vida e que não foram corrigidas pelo Vaticano II. Mas penso que todos os católicos têm o dever de fazer algo pela sua correção. Cumpri meu dever. ”
Dom Clemente caminhava ao lado de Dom Helder e tem presença significativa nas Cartas Conciliares. Quando veio para o Recife participava das celebrações na igreja das Fronteiras, ao lado de nosso querido Pe. João.
Dom Clemente faleceu aos 94 anos de parada respiratória.
A ele a nossa homenagem e o nosso carinho.
Um comentário sobre “ATUALIDADES: CENTENÁRIO DE DOM CLEMENTE ISNARD”
Foi um santo homem. Eu o conheci e convivi com ele. Sinto saudades do religioso exemplar que era. Leonardo Felipe de Oliveira Ribas (Rio de Janeiro)