Atualidades: A Sinfonia Que Redime os Mundos

Atualidades: A Sinfonia Que Redime os Mundos

Em 1979 Dom Helder escreveu uma longa meditação em Francês, onde dizia que a miséria gera violência, mas que a esperança renascerá com as crianças. É famosa  a sua frase que diz que “Quanto mais negra é a noite, mais bela é a aurora”. E, essa meditação se tornou o texto da SINFONIA DOS DOIS MUNDOS, obra para orquestra, solista e coro, com música do compositor suíço Pierre Kaelin, criada durante o Concílio Vaticano II, em 1962.
 
Em 1980 a Sinfonia dos Dois Mundos teve a sua estreia  no Collegium Academicum em Genebra, Suíça, com o texto de Dom Helder em francês. Foi exibida  44 vezes em 14 países e em 39 cidades, em três continentes.
 
Dom Helder quando comentava a respeito da Sinfonia, costumava dizer que, por sua força e capacidade de conscientização, tinha mais peso que 50 conferências que fizesse pelo mundo, pois, em lugar de denunciar em conferências no exterior a prisão de políticos, a perseguição de religiosos, a falta de liberdade de expressão e a pobreza de grande parte da população do Brasil, através da Sinfonia ele chegava aos ouvidos, corações e mentes das pessoas.
 
A Sinfonia começa com o coro masculino cantando: “Para a segurança dita nacional, quantos povos são atravessados por uma espada enferrujada… Em nome da humanidade exila-se, tortura-se. Sob o peso das estruturas sucumbes, liberdade!”. Até os dias de hoje a Sinfonia é considerada um instrumento de exaltação à liberdade. Ela condena a tortura e o desrespeito aos direitos humanos, levando, ao mesmo tempo, a esperança de um mundo melhor.

 
A peça foi apresentada pela primeira vez no Brasil em 1985. Primeiro em João Pessoa- PB, no dia 07 de março, no Teatro Paulo Pontes.  A coordenação dessas apresentações ficou por conta do então primeiro violinista da Orquestra Sinfônica da Paraíba, Rafael Garcia, tendo como narrador o próprio Dom Helder, com regência do paulista Ayrton Escobar. Os solistas foram Lenice Prioli (contralto) e Zwinglio Faustini (barítono) e os Coros Sinfônico e Infantil da Paraíba.

Dois dias depois houve a apresentação em Recife-PE, no Centro de Convenções. Para as apresentações foi dada nova redação ao texto de abertura”: “Por uma segurança que se diz nacional, quantos povos esmagados por botas pesadas. Em nome da humanidade, exila-se, tortura-se, sob o peso das estruturas, sucumbes, Liberdade!”.

 
A primeira execução da Sinfonia no Brasil começou a ser preparada no ano anterior, 1984, durante um show de Elizeth Cardoso, no teatro Santa Isabel. Foi quando a pianista Ana Lúcia Altino perguntou ao Dom se já não estaria na hora realizar o seu sonho de apresentar a Sinfonia no Recife? E o Dom respondeu: “Minha filha, você não conseguirá fazer. A censura não deixará”. Entretanto ele concordou que ela tentasse a liberação. E, para sua surpresa, o texto foi liberado pela Polícia Federal no dia 03 de março de 1984.
 
Nas duas apresentações, recorda Rafael Garcia, o Dom chorou no mesmo trecho, quando o coro infantil canta “E nós, as crianças? Pensai em vossos filhos! Amanhã será o nosso tempo, amanhã é o ano 2000, pensai nisso desde já”. Nos ensaios, segundo Rafael Garcia, músicos e cantores choraram com ele.
 
Houve outras apresentações em Recife, como a que aconteceu em 2008, no teatro Santa Isabel, no 10º Virtuosi, em uma noite em homenagem ao Dom da Paz, com a orquestra Jovem de Pernambuco, desta vez sob a regência do maestro Rafael Garcia.
 
E em 29 de dezembro de 2013, em uma apresentação da Sinfonia no Parque Dona Lindu, executada mais uma vez pela Orquestra Jovem de Pernambuco sob a regência do maestro Rafael Garcia,  Fafá de Belém e Adriano Pinheiro foram os solistas e emocionaram o público presente, ao lado do narrador Frei Reinaldo.
 
Para assistir à reportagem, clique AQUI
 
Agora foi a vez de São Paulo apresentar, pela primeira vez, integralmente, a Sinfonia dos Dois Mundos, para cantar a vida e celebrar a paz, prestando uma homenagem a Dom Helder Camara.
 
A  realização da apresentação contou com o empenho e a dedicação do Pe. Luiz Baronto, que entrou em contato com o IDHeC – Instituto Dom Helder Camara, para obtenção das partituras, vídeo de uma apresentação da Sinfonia, entre outros detalhes.
 
 
O grande concerto aconteceu no último domingo, 25 de junho, às 15h30min, na Catedral Metropolitana de São Paulo, na praça da Sé, com entada gratuita.
 
Sob a regência do maestro Martinho Lutero Galati de Oliveira, contou com participações dos cantores Fabiana Cozza e Jean Willian e a narração de Celso Frateschi. No palco, além do Coro Luther King, outros três grupos corais – Madrigal Revivis, sob regência de Sérgio de Oliveira; Coro Lazi e Coro Benção de Paz, sob a regência de Cláudio Velloso e Rodrigo Garcia, regente assistente,  reunindo mais de 150 vozes. O grupo Camerata Paulistana fez o acompanhamento musical.

 

A apresentação foi um enorme sucesso e a Catedral da Sé ficou completamente lotada, todos acompanhando atentamente cada som, cada palavra que o nosso profeta deixou para que um dia, não existam mais dois mundos.
 
\”E ousado tu vais tão longe
       na linha do egoísmo.
Tão longe que te mostras indigno
   da preferência maravilhosa
      e quase escandalosa
  que o Senhor te manifestou
     o rumor das questões
       parte de todo lado.
       Homem, meu irmão,
vê que a criação inteira te contempla
         e te interroga!\”
 
Assista, abaixo, ao um vídeo da apresentação.

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