Nesse dia 24 de março, o nosso querido amigo João Pubben, lá da Holanda, nos lembra que a data é dedicada a São Romero da América, escrevendo: “Vivam os mártires da América Latina. Sim, hoje, aniversário do martírio de dom Oscar Romero, é o Dia dos Mártires da América Latina. Que eles sejam exemplos de fé e coragem para nós”.
Dom Oscar Romero nasceu em 15 de agosto de 1917 em uma família modesta em Ciudad Barrios, em El Salvador. Aos 14 anos ingressou no seminário e, seis anos depois se afastou para ajudar a família que estava com dificuldades, passando a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos.
Ao retomar os estudos foi enviado a Roma para estudar Teologia, onde foi ordenado sacerdote e voltou para o seu país, assumindo uma paróquia no interior. Em seguida foi transferido para a catedral de San Miguel, onde permaneceu por 20 anos, dedicando-se à oração e às atividades pastorais, sobretudo à caridade, entretanto ainda sem nenhuma conotação social.
Em 1970 foi nomeado bispo auxiliar de El Salvador. Cinco anos depois a Guarda Nacional executa cinco camponeses e dom Romero celebra missa em intenção das vítimas. Ele não faz denuncia explícita do crime, mas escreve uma carta severa ao presidente Molina.
Dois anos depois é nomeado bispo de El Salvador e sua nomeação desagrada os setores renovadores. Em 12 de março com o assassinato do padre jesuíta Rutílio Grande, engajado na luta do povo e ligado a dom Oscar, ele reavalia sua posição e se coloca corajosamente junto aos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos Estados Unidos. O bispo denuncia também a violência da guerrilha revolucionária. Suas homilias são transmitidas pela rádio católica dando esperança à população e provocando a fúria dos governantes.
Em 17 de fevereiro de 1980 dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, fazendo um apelo para que ele não envie ajuda militar e econômica ao governo salvadorenho, para não financiar a repressão ao povo.
No mesmo ano, em sua homilia no dia 23 de março, o bispo se dirige explicitamente aos homens do Exército, da Guarda Nacional e da Polícia e afirma: “Frente à ordem de matar seus irmãos deve prevalecer a Lei de Deus, que afirma: NÃO MATARÁS! Ninguém deve obedecer a uma lei imoral (…). Em favor deste povo sofrido, cujos gritos sobem ao céu de maneira sempre mais numerosa, suplico-lhes, peço-lhes, ordeno-lhes em nome de Deus: cessem a repressão!” Estas foram as suas últimas palavras ouvidas em todo o país. No dia seguinte. 24 de março, dom Oscar Romero foi assassinado por um franco-atirador, enquanto rezava a missa na capela do Hospital da Divina Providência.
Em 1994 foi aberto um processo de canonização de dom Romero em San Salvador. Três anos depois o processo passou para a Congregação das Causas dos Santos em Roma. Em 24 de fevereiro de 2010, 30 anos depois da morte de dom Oscar Romero, Organizações sociais e religiosas apresentaram ao Parlamento salvadorenho petição para instituir 24 de março como “Dia Nacional de dom Oscar Arnulfo Romero”.
Em fevereiro de 2015 o papa Francisco autoriza a beatificação de Oscar Romero, que acontece em 23 de maio do mesmo ano.
Que a sua luta e o seu sangue derramado jamais se tornem em vão e que o seu martírio seja inspiração e alimento para todos e todas que acreditam que todos os seres humanos merecem uma vida digna e que têm o direito de lutar por isso.