Após-Concílio
Recife, 27/28.2.68
368ª Circular
VIGÍLIA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
A querida Família Mecejanense
“Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás de tornar”.A afirmação não deixou de ser verdadeira. A morte continua uma realidade, um desafio, um quebra-orgulho.
Mais grave e mais sério é que o pó voltará a ser homem. Já agora ninguém arranca a nossa imortalidade. E a nós nos cabe aproveitar o tempo,
preparando nele o sem-fim…
Mas como falar de penitência aos homens de hoje? Como falar de jejum (já nem penso em abstinência)?
A grande penitência e o jejum que conta se ligam a superação do egoísmo.
A batalha é sempre não parar em nós. Romper a carapaça. Alargar os limites. Amar, de fato, o próximo!
Eta expressão exata! Não adianta, de palavra e de pensamento, adotar o Mundo inteiro, se aqueles e aquelas que o Pai despeja em nosso caminho nos fazem torcer o nariz, dar pra trás, virar na esquina, fazer de conta que não viu…
Eis um programa concreto de Quaresma: identificar nosso próximo de hoje.
Próximo que mora conosco. Próximo que é nosso vizinho no trabalho.
Próximo, vizinho de apartamento e de rua. Próximo que surge em nossa frente, e nos procura, e nos fala ou tenta falar-nos!
E não vale selecionar entre próximo simpático e próximo antipático.
Caiu na rede é próximo. Se é próximo é Cristo.
Duvido que ouça uma palavra de Cristo, que receba a mais leve mensagem d’Ele, tenha a mais leve vivencia de sua companhia incomparável quem se fecha ao próximo. Desligamento automático, super-eletrônico.
O inverso, também, é verdade: abriu para o próximo encontra o Irmão!…