Após-Concílio
Recife, 2/3.12.67
331ª Circular
Vigília de Ano Novo
A querida Família Mecejanense
Deus permitiu que, ao voltar de Pesqueira (onde fora paraninfar uma turma de Professorandas, a pedido pessoal de D. Severino Mariano [de Aguiar]), o carro que me trazia (do Presidente do Tribunal de Justiça) ficasse parado na estrada, até duas horas da manha… Noite lindíssima, destas em que é possível apanhar estrelas, apenas ficando na ponta dos pés…
Era Ano Novo, início de Advento, abertura do Ano Litúrgico.
Como é bom rezar na estrada, longe das luzes das Cidades, sem lua e apenas entregue as estrelas!
Pensei nos caminhos e nos descaminhos; nas estradas largas e nos atalhos; nas auto-estradas e nos caminhos esburacados, lamacentos, intransitáveis…
Claro que não esqueci o Caminho, a Verdade e a Vida!
Pensei nas condições tão variadas dos viajores (quanta gente de pneu arriado, sem pneu, na lona! quanta gente sem gasolina, sem óleo ou de pneus novos, mas descalibrados! Como faltam Postos de reabastecimento espiritual que atendam com a presteza da Esso ou da Shell! Como se torna importante, de repente, um homem humilde que é apenas borracheiro!)
E olhei longamente as estrelas. Hoje, elas me encantaram, ainda mais, pela circunstância de eu nem saber se estou contemplando o que saiu das mãos do Criador ou do co-Criador!
Vigília privilegiadíssima. Era fácil adivinhar Olinda e Recife, entrever o Nordeste inteiro, adivinhar os Mundos, atingir o Universo…
Foi tão agradável e tão belo celebrar, espiritualmente, u’a Missa de Vigília de Ano novo, enquanto milhões de Mundos dançavam diante dos meus olhos extasiados!