A igreja das Fronteiras foi pequena para caber todos os que, no domingo 28 de agosto, foram participar da celebração Eucarística pelos 17 anos da partida para a casa do Pai de nosso querido Dom Helder Camara.
Pouco a pouco a pouco as pessoas foram chegando, reencontrando os amigos, revivendo os momentos em que conviveram com o Dom, trocando histórias, abraços e saudade.
Ninguém estava triste porque o momento não era de tristeza e sim de alegria. A alegria do privilégio que foi para todos a convivência com um grande profeta.
Dom Helder partiu, aos 90 anos, depois de viver na Arquidiocese de Olinda e Recife por 35 anos. Mas a sua memória continua viva através do legado que ele deixou, seja pelo exemplo de vida, seja nos escritos que vão de pequenas frases a textos que, três ou quatro décadas depois, continuam atuais.
Dom Helder continua vivo na memória dos que conviveram com ele, proximamente ou apenas de passagem. E também na memória dos cearenses, dos cariocas e dos pernambucanos, onde viveu o seu pastoreio e os seus sonhos.
E, muito além, ele continua vivo nas memórias mundo afora, pois sendo um cidadão do mundo, sua vida e sua obra são lembradas e republicadas ainda hoje, em vários países.
Alegre, cheia de entusiasmo e vida, a celebração não penas rememorou os 17 anos da partida do Dom e celebrou a sua vida, como recebeu, com muita alegria, a 13ª Peregrinação Cearense de visita ao túmulo de Dom Helder, composta por 54 pessoas, com a assessoria espiritual do Pe. Sá e do Pe.Maurício, concelebrantes ao lado do monge beneditino Marcelo Barros, que presidiu a celebração. Os Peregrinos foram recebidos ao som de “Bendita e Louvada seja essa santa romaria”.
Belas músicas com o canto conduzido por Heloísa, Aldenize, Silvete e Francisca, acompanhadas no violão por Ramos, encheram as Fronteiras da alegria.
Na abertura da missa, Malu David leu o texto que se encontrava ao final da folhinha de canto, de autoria de Dom Helder, retirado da crônica “PÁSSAROS NOTURNOS”, lida no programa UM OLHAR SOBRE A CIDADE: “A ressurreiçao de Cristo marcou para sempre nossas vidas. Na medida em que nos impregnamos do espírito de Cristo, devemos ser pascais, isto é, marcados pela Páscoa, pela ressurreição de Cristo.
Por mais longo que seja o túnel que esteja sendo atravessado, por mais espessa que seja a noite que esteja sendo vivida, sem sobra de lua ou de estrelas, ao menos interiormente ilumina-nos o Sol da Justiça. Por mais que sejamos obrigados a aprender com as aves noturnas a ver no escuro e voar na escuridão, não percamos jamais, nem de longe, um imenso amor à luz, certos de que ela vencerá as trevas, como a vida rirá da morte!”.
As leituras da missa foram feitas por dois integrantes da Peregrinação, sendo um deles da Guiné Bissau que, ao lado de outros três conterrâneos, estudam em Fortaleza e integram a caravana.
O Evangelho foi lido pelo diácono Raimundo Vianna que também concelebrou a missa.
A homilia foi feita pelo monge Marcelo Barros que, tendo por base o evangelho lido, ressaltou a importância da maneira de viver de Dom Helder, humilde e cheia de sabedoria e ensinamentos.
Ao som da Utopia de Zé Vicente, todos se abraçaram sonhando com o dia em que a paz irá renascer e o sol da esperança brilhará.
Ao som de \”comungar é tornar-se um perigo\” dezenas de pessoas fizeram fila para participar da ceia eucarística,
Após a partilha da Eucaristia Marieta Borges, conselheira do IDHeC, leu um texto que ela escreveu sobre Dom Helder no ano passado, mas que não pôde ler porque estava doente. Hoje, recuperada, leu com muito entusiasmo o texto que publicaremos na próxima semana aqui no blog.
Lucinha Moreira, também conselheira do IDHeC, agradeceu a todos os presentes por virem celebrar a vida do Dom e fez um agradecimento especial aos Peregrinos do Ceará, ressaltando a alegria de ter quatro integrantes da Guiné Bissau entre eles. Ela falou que o grupo Encontro da Partilha, do qual faz parte e que se reúne no Espaço Dom Lamartine uma vez por mês, vem estudando, nos últimos meses, as religiões de matrizes afro e que tem sido muito enriquecedor.
Encerrando a celebração o Pe. Sá falou um pouco sobre Dom Helder e convidou todos a cantarem a música “Jumentinho de Deus” feita em homenagem ao Dom.
Para dar a bênção final foi convidado o bispo anglicano Dom Sebastião Armando, grande admirador de Dom Helder.
Após a celebração foi oferecido um lanche para os integrantes da 13ª Peregrinação do Ceará, que encheram de alegria a celebração.
E assim foi celebrada a vida do Dom, com alegria e simplicidade, belos cantos e muita comunhão entre os presentes. Exatamente como Dom Helder gostava.
E, no canto esquerdo da igreja, ao lado do altar, dois banners com o rosto sorridente do Dom pareciam nos dizer: Obrigado meus irmãos.
FOTOS: Edelomar Barbosa, Lucy Pina e Rejane Menezes